Considerados foragidos pela Justiça brasileira, os blogueiros Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio participaram nesta quinta-feira de uma audiência pública da Câmara dos Deputados sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Os comunicadores falaram por cerca de dez minutos, cada, via chamadas de vídeo, na reunião convocada pela Subcomissão de Fiscalização e Direitos dos Presos do 8 de Janeiro, ligada à Comissão de Segurança Pública da Casa Legislativa.
O nome dos foragidos não consta da descrição da transmissão da audiência no YouTube, que lista os convidados para a sessão, mas os dois aparecem a 47:05 minutos e 4:19:00 da exibição pública (veja no vídeo mais abaixo). Antes de abrir a palavra a Allan dos Santos, a quem chamou de “guerreiro” e se disse “admirador há muitos anos”, o presidente da subcomissão, deputado federal Coronel Meira (PL-PE), disse que os parlamentares poderiam ouvir quem quisessem.
— ‘Câmara ouve foragida e veta Allan dos Santos e Eustáquio’. Allan, não sei se o jornalismo pode vetar, pode interferir aqui na Câmara porque, pelo que sei, quem manda aqui na Câmara somos nós, deputados federais, eleitos verdadeiramente pelo povo brasileiro (…) STF, Alexandre de Moraes e imprensa não podem estar querendo pautar a Câmara Federal nem a nossa Comissão — afirmou.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tenta, dos Estados Unidos, articular pressão internacional pela anistia ao pai na trama golpista — e agora evitar a cassação do próprio mandato — também participou da reunião da subcomissão, criada para apurar supostas violações de direitos de acusados no caso.
Os três foram convidados por parlamentares bolsonaristas para o encontro. Questionada pelo UOL, a Câmara chegou a dizer que o espaço a ser aberto aos foragidos passaria antes por “análise jurídica” e, depois, que ambos não seriam ouvidos. Mas os dois acabaram por participar da reunião. O deputado federal Coronel Meira (PL-PE) contrariou a Casa.
Allan dos Santos disse à subcomissão viver “livre” nos Estados Unidos e Oswaldo Eustáquio afirmou o mesmo, na Espanha. Assim como Eduardo Bolsonaro, os dois questionaram os processos contra os atos golpistas e fizeram ataques ao Supremo Tribunal Federal e ao ministro Alexandre de Moraes. Santos pediu que os deputados votem pela anistia contra o chamou de “tirania do STF” e defendeu o impeachment de Moraes.
— Não desejo a morte, nem sequer a prisão de Alexandre de Moraes, mas exijo que ele saia do Supremo Tribunal Federal e seja julgado naquele devido processo legal que ele nunca usou contra os seus inimigos — destacou.
