“Trump, você está mexendo com o que penso sobre as eleições de 2026”, diz Sr. Mercado

Eu sou a média do comportamento dos investidores, a consciência deles em preços e movimentos de ativos. Nada é mais verdadeiro e honesto do que palavras ditas na forma de números, que sobem ou descem a partir das decisões de todos e de cada um.


Acostumado a cometer “sincericídios”, não é novidade que desisti de pensar em possibilidades de curto prazo para o Brasil. A única informação que me importa é a eleição de 2026.


Após uma série de acontecimentos, em especial o projeto de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, anunciada no fim do ano passado (justamente quando esperava alguma sinalização de responsabilidade fiscal), entendi que o governo estava comprometido em gastar, e não o contrário.


A trajetória fiscal brasileira indica que a partir de 2027, pelas minhas contas de padaria, estaremos encrencados. A dívida se torna uma bola de neve, os juros permanecem em patamares elevados e o custo da dívida estica à medida que nossos credores nos pedem mais remuneração pela falta de credibilidade.


Não dá para esperar nada muito diferente disso, infelizmente. E por isso, sou obrigado a observar especulações sobre qual deve ser o quadro de candidatos em 2026.


Jair Bolsonaro e seus familiares aparecem bem nas pesquisas – mas, sinceramente, não os desejo. O governo atual precisa deles para ser competitivo na próxima corrida, como Batman precisa do Coringa.


Tarcísio de Freitas seria uma opção mais consensual no mercado: aparentemente, é alguém com preparo, boa articulação política entre as partes e capaz de liderar. O problema é o Brasil que herdaria se eleito, nada fácil de corrigir.


Porém, como na vida do brasileiro toda bagunça é pouca, Donald Trump, presidente do Estados Unidos, resolveu se intrometer nesse carnaval. Sua agenda de reciprocidade tarifária deu mais um passo e fez do Brasil uma nova vítima da “metralhadora de tarifas”.


Em todos os países atacados por Trump, o governo incumbente foi beneficiado em aprovação pública – ao menos aqueles que se posicionaram de forma firme contra as medidas americanas. Observamos esse padrão no México de Claudia Sheinbaum e no Canadá, onde uma eleição que parecia decidida sofreu uma reviravolta aos “42 do segundo tempo”.


Por aqui, não foi diferente. As pesquisas de aprovação do governo publicadas recentemente já demonstram melhora de percepção na aprovação do presidente Lula – que, assim como seus pares, se posicionou de forma firme com o discurso de soberania nacional.


A pergunta é se isso pode mexer com o que verdadeiramente interessa: a eleição de 2026. É cedo para falar, mas, dado o que se viu em outras geografias, o choque deve se diluir. Até aqui, foi incômodo o suficiente para que muitos investidores procurassem se proteger da Bolsa no Brasil e acionassem um “mood” mais cauteloso.


Cautela, esse é a leitura do momento. Todas as notícias sobre a novela eleitoral devem mexer nos preços.


Curioso perceber como o ciclo político se tornou o único fundamento.


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