A tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre a importação de produtos brasileiros pode reduzir os preços da carne e do café no Brasil, segundo o Ministério da Fazenda. O governo brasileiro avalia que os produtos direcionados à exportação podem ser absorvidos pelo mercado doméstico.
A lógica é que, com o aumento da oferta de carne e do café no Brasil, os preços tendem a cair.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, explica que a tendência é que os produtores brasileiros diversifiquem os seus mercados, caso a tarifa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros se mantenha.
“Em caso de manutenção dessas tarifas da forma como foram anunciadas, você deve observar uma redução significativa na exportação para os EUA de alguns bens. Dentre eles, estão carne e café. Essa tarifa de 50% chega a ser proibitiva para um conjunto de produtos que nós exportamos”, afirmou Guilherme Mello.
Apesar do cenário, Guilherme Mello pondera que qualquer análise sobre o impacto inflacionário da tarifa anunciada por Donald Trump é “muito precoce”.
“[Brasil] tem condições de absorver uma parcela dessa produção que era voltada para exportação. Caso isso ocorra, é possível ver um cenário em que parte da produção que era voltada para exportação seja direcionada para o mercado interno, aumentando a oferta desses produtos domesticamente e impactando os preços”, completou o secretário.
Produtos básicos respondem por maior parcela dos itens exportados ao país, com destaque para óleos brutos de petróleo, ferro, aço, celulose, café, suco de laranja e carne bovina. Esse tipo de mercadoria tende a ser redirecionada com mais facilidade a outros países e regiões do que bens manufaturados.
No entanto, na balança comercial entre Brasil e EUA, também estão alguns itens manufaturados, como aeronaves e máquinas para o setor de energia.
Veja a lista dos 10 produtos brasileiros mais exportados para os EUA de janeiro a junho de 2025:
- Petróleo bruto: US$ 2,378 bilhões;
- Semiacabados de ferro e aço: US$ 1,518 bilhão;
- Café: US$ 1,172 bilhão;
- Aeronaves: US$ 876 milhões;
- Derivados de petróleo: US$ 830 milhões;
- Sucos de frutas (principalmente laranja): US$ 743 milhões;
- Carne bovina: US$ 738 milhões;
- Ferro fundido: US$ 683 milhões;
- Celulose: US$ 671 milhões;
- Escavadoras, pás mecânicas, compressores: US$ 568 milhões.
Em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), o Ministério da Fazenda considera que a tarifa de 50% deve ter impacto “pouco significativo” no crescimento econômico de 2025. Para este ano, o Ministério da Fazenda projeta que a economia brasileira cresça 2,5%.