O Senado aprovou o envio de uma missão parlamentar aos Estados Unidos para negociar o adiamento ou a revogação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente Donald Trump.
A viagem está marcada para ocorrer entre os dias 29 e 31 de julho, poucos dias antes da previsão de entrada em vigor da medida, em 1º de agosto.
A delegação contará com oito senadores, incluindo nomes alinhados ao governo e à oposição: Nelsinho Trad (PSD-MS), Tereza Cristina (PP-MS), Marcos Pontes (PL-SP), Jacques Wagner (PT-BA), Esperidião Amin (PP-SC), Rogério Carvalho (PT-SE), Fernando Farias (MDB-AL) e Carlos Viana (Podemos-MG).
A articulação foi liderada por Trad, que preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado e defende a criação de um grupo interparlamentar Brasil-EUA para tratar de temas de diplomacia econômica.
Ofensiva paralela
A iniciativa ocorre paralelamente às tratativas conduzidas pelo Palácio do Planalto, o que tem gerado preocupação dentro do governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem defendendo a centralização das negociações com Washington sob a liderança do Executivo federal.
Em entrevista, Haddad alertou que o “pior que pode acontecer” é o país abrir múltiplas frentes de negociação, com governadores ou parlamentares tentando estabelecer agendas próprias. “O Brasil precisa falar com uma só voz”, disse o ministro, ao defender uma força-tarefa para identificar os principais pontos de atrito com os EUA.
Para Haddad, negociações isoladas podem fragilizar a posição do país diante da ofensiva tarifária liderada por Trump, que vinculou publicamente a imposição das tarifas ao julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal.
Sinais da embaixada americana
A missão parlamentar ao exterior surgiu após conversas entre Nelsinho Trad e o encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar.
Segundo apuração do jornal O Globo, Escobar estaria articulando pontes com o Congresso Nacional para suavizar o desgaste diplomático causado pelas declarações de Trump, sinalizando abertura para um eventual recuo na medida.
O diplomata também teria solicitado audiências com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), como tentativa de restabelecer o diálogo institucional entre os dois países — ainda que o gesto venha em meio à formalização da retaliação por parte da Casa Branca.