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Produção de café no Juruá deve chegar a 12 milhões de pés até 2030, diz Coopercafé

O presidente da Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafé) e ex-deputado estadual Jonas Lima foi entrevistado pelo ac24agro na Expoacre nesta segunda-feira, 28, e falou sobre os avanços da produção cafeeira no interior do Acre, especialmente na região do Vale do Juruá.


Segundo Lima, a Coopercafé surgiu da necessidade real dos produtores locais, e não por modismo ou desejo político. “A cooperativa nasceu pela necessidade dos produtores rurais do Vale do Juruá. Não foi uma cooperativa que nasceu por um desejo, por um modismo. É a necessidade dos nossos produtores”, afirmou.


Ele destacou ainda que é preciso ter cautela para que o crescimento da atividade seja sustentável. “Precisa ter muito cuidado para que essa empolgação acabe não dando sustentabilidade à produção cafeeira do Acre no futuro. Essa sua preocupação é muito boa para que a gente fique alerta sobre isso. E eu tenho essa mesma preocupação. Vou falar do Vale do Juruá: a Coopercafé, junto com os produtores, tem avançado muito naquela região.”


Lima lembrou que a região está distante cerca de 700 quilômetros de Rio Branco e que a organização dos produtores foi essencial para superar dificuldades logísticas e evitar a dependência de atravessadores.


“O que nós vamos fazer com o café dessa região? Ali nos preocupamos, e os nossos produtores me cobraram, à época, para a gente criar uma cooperativa, para sair do famoso marreteiro. E, graças a Deus, está dando certo”, contou.


O presidente da Coopercafé disse que, como liderança política e produtor rural, investiu em estrutura própria e atendeu ao chamado da comunidade.


“Na minha propriedade, eu tenho dois secadores de café, tenho máquina para descascar, tenho tudo lá. E eles foram lá, alguns produtores, e fizeram esse pedido. O que a gente podia criar para não cair na mesma coisa da farinha? Muitos chegaram lá com essa conversa. Estou contando a história deles”, relatou.


Lima comparou a cadeia produtiva do café com a da farinha, que há décadas sofre com a figura do atravessador. “A farinha tem esse problema do atravessador. Existe até hoje, são cinquenta e tantos anos com essa realidade. E o café, não. Hoje o produtor faz a colheita e a cooperativa vai com o caminhão até a propriedade dele. Dali, a responsabilidade já é da cooperativa: secar e fazer o beneficiamento do café.”


Jonas Lima, também comentou sobre o impacto do Complexo Industrial do Café do Juruá, instalado com apoio político e institucional, e fundamental para o avanço da produção cafeeira no interior do estado.


“Mais uma vez eu quero saudar os nossos produtores, mas também tivemos apoio político, porque esse investimento foi feito na região do Juruá, para o setor de café. Para mim, que sou de família humilde e nunca vi um negócio daquele, eu fiquei assim, assustado”, declarou.


O complexo foi financiado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), com articulação da ex-deputada federal Perpétua Almeida. “É um projeto que foi criado pela agência, capitaneado pela ex-deputada Perpétua Almeida, que é a madrinha desse projeto. Ela empenhou, e empenha até hoje, tudo por aquilo.”


Segundo Lima, o complexo industrial oferece a estrutura necessária para garantir a qualidade da produção. “O complexo é completo. Ele é tão importante que eu te falei da colheita do café. Onde é que pega o produtor na nossa região? Na hora de secar o café. Ontem choveu em Mâncio Lima, hoje choveu mais de duas horas, e muitos ainda estão colhendo café. Se nós não tivéssemos esse complexo, a dificuldade para o produtor secar o café seria gigantesca.”


Ele ressaltou que a estrutura adotada no Acre é semelhante à utilizada nos maiores estados produtores do país. “O modelo é o mesmo que existe em Minas Gerais e no Espírito Santo. Nós temos uma indústria que não deixa a desejar para as que existem lá fora. O que tem no Espírito Santo, nós temos lá também.”


A tecnologia de secagem adotada é outro diferencial do projeto. “Secamos o nosso café com fogo indireto. O que é isso? A gente não tem a fornalha diretamente para dentro do grão, como se fosse assar uma pizza. A fumaça da lenha que se queima para secar sai para fora do café. Essa é a diferença”, explicou.


Segundo Lima, o método contribui para o aumento do rendimento e melhora da qualidade do produto final. “O nosso dono de torrefação, do Café Vovó Pureza, me disse que o café rende mais e a qualidade é muito melhor”, finalizou.


O presidente da Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafé), Jonas Lima, afirmou que a estrutura do Complexo Industrial do Café está disponível não apenas aos cooperados, mas também a produtores que ainda não fazem parte da organização.


“Todos os cooperados têm acesso, somos 182 hoje. Mas isso não quer dizer que quem não é cooperado não vai ter direito de usar. Tem sim. A única diferença é que paga um pouquinho mais”, explicou Jonas, ao destacar que a cooperativa decidiu manter as portas abertas.


“Como presidente, tomei a decisão de não fechar o acesso. Quem quiser ingressar, quem tem café em banco, é só fazer o curso de cooperativismo que pode se associar. Não é porque temos aquele patrimônio que vamos fechar as portas. Aquilo é público”, completou.


O dirigente também revelou que o objetivo é transformar o café da região em uma marca reconhecida nacionalmente, nos moldes da tradicional farinha de Cruzeiro do Sul.


“Criamos o Complexo Industrial do Café do Juruá, e a intenção é que o café produzido aqui seja uma marca regional. Esse é o projeto da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que vai disponibilizar técnicos para elaborar a identidade do Café do Juruá”, contou.


Jonas também ressaltou que o projeto da cooperativa está alinhado com as práticas sustentáveis, tanto na geração de energia quanto no uso de lenha controlada.


“Nós queimamos lenha, sim, mas de áreas documentadas. Nossa energia é limpa. O parque industrial gera 22 mil quilowatts. Tudo se fala de meio ambiente, mas é preciso praticar. E a Coopercafé está praticando isso junto com os nossos cooperados”.


Lima demonstrou preocupação com o cenário da cadeia produtiva do café no Brasil, especialmente no que diz respeito e comentou sobre a necessidade de agregar valor ao produto nacionalmente. “Tenho acompanhado o Senado Nacional, e é preocupante. Como representante da cadeia produtiva da região do Juruá, tenho essa preocupação. Mas, por outro lado, você sabe que na crise surgem oportunidades”, afirmou.


Lima defendeu que o Brasil precisa avançar no beneficiamento dos produtos agrícolas e florestais. “O que sempre defendi no Acre? A madeira, por exemplo. Por que ela sai do Juruá em toras ou em trancha? Desde que saia beneficiada, em móveis, pode gerar emprego aqui mesmo. E o Brasil precisa acordar nessa área.”


Segundo ele, o mesmo pensamento deve ser aplicado à cafeicultura: “O café tem que sair do Brasil industrializado, porque nós temos empresas capacitadas para isso. Pode sair, inclusive, uma sugestão daqui para o Brasil inteiro.”


Apesar das preocupações, Lima ressaltou que o mercado global de café vive um momento de escassez. “O mundo não tem café. Não é só o Brasil. Estava assistindo ontem uma entrevista com o presidente da Cospé. Ele falou por meia hora e disse que nunca o estoque da cooperativa esteve tão baixo quanto está hoje.”


O presidente da Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafé), Jonas Lima, falou sobre o planejamento da produção cafeeira na região e a perspectiva para os próximos anos. Segundo ele, o setor deve enfrentar oscilações no mercado até 2030, mas a demanda e o interesse por investimentos continuam em alta.
“Antes, o planejamento era que o café no Brasil, e todos os produtores e associações, enfrentassem essa oscilação até 2030. Continuamos com essa mesma opinião, pois o estoque mundial de café ainda não se regularizou e dificilmente vai se regularizar, especialmente após a forte quebra na safra deste ano”, explicou.


Lima citou a redução da produtividade na região: “Pessoas aqui que colheram 110 sacas no ano passado, colheram 80 agora. Ou seja, não mantiveram o volume do ano anterior, a produtividade caiu.”


Apesar do cenário, ele demonstrou otimismo com o futuro da cafeicultura local. “Acredito que o café em pé está seguro, tanto que a procura por investimentos e novos plantios na nossa região está muito alta.”


Quanto às metas, o presidente da Coopercafé detalhou o planejamento estratégico da cooperativa para os próximos anos: “Hoje, temos cerca de 5,1 milhões de pés de café plantados entre os cooperados. Já levantamos que, no próximo ano, serão plantados mais 2 milhões de pés. Nossa meta é chegar a 12 milhões de pés até 2030.”


 


Assista à entrevista:



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