O PL, partido de Jair Bolsonaro, retomou o impulsionamento de publicações nas redes sociais em resposta à ofensiva do PT, que tem conseguido capitalizar politicamente a crise gerada pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos ao Brasil.
Segundo levantamento da Folha de S. Paulo, desde 16 de julho, o partido já patrocinou ao menos oito anúncios no Instagram e Facebook, todos com valores modestos — até R$ 999 cada, conforme a biblioteca de anúncios da Meta. As peças buscam reverter o desgaste causado pela narrativa petista que associa Bolsonaro à tarifa imposta pelo presidente americano Donald Trump.
Em uma das postagens mais visualizadas, com alcance superior a 600 mil pessoas, o partido afirma que “a culpa pela taxação imposta por Trump é totalmente de Lula” e sustenta que a medida seria consequência de um suposto desalinhamento do petista com os EUA.
Outras publicações reforçam o discurso de que Bolsonaro é alvo de perseguição judicial, comparando sua situação ao uso de tornozeleira eletrônica, enquanto Lula estaria “livre mesmo com provas”, numa referência à anulação de processos da Lava Jato.
Prática rara no PL
O movimento marca uma mudança de comportamento do partido, que vinha adotando uma postura mais orgânica nas redes. Até julho, os últimos posts pagos haviam sido publicados entre março e abril, e antes disso, apenas durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
Segundo aliados de Bolsonaro, há resistência dentro da legenda ao uso de impulsionamentos, sob a justificativa de que a base de direita já tem engajamento suficiente de forma espontânea. A reativação dos anúncios, no entanto, reflete o reconhecimento de que o campo digital vem sendo dominado pelo PT nas últimas semanas.
O PT iniciou sua ofensiva digital com mais antecedência e recursos. Na semana passada, patrocinou duas peças com valores somados entre R$ 70 mil e R$ 85 mil. Uma delas mostra Bolsonaro como um boneco de ventríloquo controlado por Trump — o vídeo associa diretamente a sobretaxa americana à articulação do deputado Eduardo Bolsonaro nos EUA.
O governo Lula aproveitou o episódio para se reposicionar no debate público, defendendo a soberania nacional e reapropriando-se das cores verde e amarela, que nos últimos anos se tornaram símbolo do bolsonarismo.
O entorno de Lula também buscou enquadrar a discussão tributária sob o viés da justiça fiscal, tirando o governo da defensiva após o aumento do IOF — outro tema explorado pelo PL nas novas postagens, ao lado da defesa da criação do Pix como “legado de Bolsonaro”.