O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) protocolou um pedido de abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara dos Deputados para investigar o possível uso de recursos públicos no financiamento de influenciadores digitais alinhados ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O requerimento, segundo o portal Metrópoles, aponta para a existência de uma “estrutura paralela de comunicação”, supostamente coordenada a partir de órgãos federais e entidades privadas contratadas, para impulsionar conteúdos político-partidários nas redes sociais.
A iniciativa do parlamentar ocorre em meio às discussões sobre a taxação dos mais ricos, bandeira que tem enfrentado forte resistência no Congresso.
Segundo Gayer, há indícios de que influenciadores e agências de publicidade estariam sendo financiados com recursos da Secretaria de Comunicação Social (Secom), de ministérios e de bancos públicos.
Os pagamentos, conforme o documento, serviriam para ampliar a divulgação de pautas governistas e ações do Executivo, com estratégias digitais de alto alcance, como disparos coordenados e campanhas com métricas otimizadas.
“Influenciadores com Lula”
A principal motivação para o pedido de CPI foi o lançamento da plataforma “Influenciadores com Lula”, anunciada pelo PT em 2 de julho. O projeto visa mobilizar criadores de conteúdo para divulgar a campanha batizada de “taxação BBB” — sigla que se refere a bilionários, bancos e apostas esportivas (bets).
Para Gayer, trata-se de uma articulação que mistura recursos partidários com verba pública. Ele também argumenta que o uso de dinheiro estatal para promover uma pauta tributária de viés eleitoral compromete a lisura institucional e fere os princípios da impessoalidade e da legalidade na administração pública.
O pedido de CPI surge no momento em que o governo tenta viabilizar, ainda no segundo semestre, a aprovação do projeto que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês — promessa de campanha de Lula.
A medida tem custo fiscal relevante e, para compensá-lo, o Planalto propôs a taxação de fundos exclusivos, offshores e apostas esportivas, além de alterações na tributação de bancos e grandes fortunas.