A operação uma A operação da Polícia Federal deflagrada nesta sexta-feira (18) contra Jair Bolsonaro (PL), foi motivada por indícios de financiamento de ataques à soberania do País e receio de que o ex-presidente estivesse planejando fuga, segundo investigadores da PF.
Bolsonaro foi alvo de mandados de busca e apreensão e de medidas cautelares ordenadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida ocorre dias após os impactos do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil, iniciativa que, segundo investigadores, teve origem em articulações coordenadas por aliados de Bolsonaro nos EUA.
De acordo com fontes da investigação ao O Globo, as restrições visam evitar uma tentativa de fuga de Bolsonaro. Investigadores relataram que o ex-presidente teria considerado recorrer a alguma embaixada estrangeira, a exemplo do que fez em 2023, quando permaneceu por meses nos Estados Unidos após a derrota eleitoral.
“Ele já deu sinais de que pode buscar uma embaixada para fugir do país”, disse um dos investigadores. A mesma fonte classificou Bolsonaro como “parte central de tudo o que está acontecendo”, com impacto concreto na estabilidade institucional brasileira.
A operação está relacionada ao financiamento de atividades conduzidas por seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), nos Estados Unidos. Em discurso público, o ex-presidente admitiu ter repassado R$ 2 milhões para a iniciativa, valor que, segundo os investigadores, teria sido usado em articulações com objetivo de promover sanções e desgastar instituições brasileiras.
“O ex-presidente admitiu publicamente que financiou a operação. Isso teve efeitos concretos a partir do tarifaço determinado por Trump contra o Brasil”, afirmou um dos investigadores da Polícia Federal ao G1.
Tentativa de golpe
Bolsonaro já é réu em uma ação penal que tramita no STF e investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Na segunda-feira (14), a PGR apresentou as alegações finais e pediu a condenação do ex-presidente por cinco crimes, entre eles associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
A PF afirma que a operação desta sexta-feira não se trata de prisão, mas de medidas “diversas da prisão”, previstas em decisão do STF.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente, em Brasília, e em seu local de trabalho, a sede do Partido Liberal. Durante a ação, a PF apreendeu ao menos US$ 14 mil em espécie, R$ 8 mil em dinheiro, um pendrive escondido em um banheiro, além de uma petição inicial da rede social Rumble contra o ministro Moraes.
Além das buscas, o STF impôs uma série de medidas cautelares ao ex-presidente: uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno (entre 19h e 7h) e nos fins de semana, além da proibição de visitar embaixadas ou manter contato com embaixadores.