“Onde eu estiver, tem Acre”, diz Jorge Viana ao cogitar candidatura ao Senado

Foto: Jardy Lopes

O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, foi entrevistado neste domingo, 27, no estúdio do ac24horas durante a Expoacre, onde falou sobre o programa Respira Acre, iniciativa inédita voltada à valorização do artesanato e dos biomateriais produzidos no estado, com foco na moda autoral e na exportação.


“Tudo que a gente tem aqui na cabeceira do Rio, queremos que aconteça na Amazônia inteira”, afirmou. Segundo Viana, o projeto contou com o apoio da Sintecal — entidade nacional que trabalha com materiais utilizados na confecção de sapatos, bolsas, roupas, colares e outros objetos — e que hoje é parceira da Plataforma de Exportação da Sociobiodiversidade (PECS).


“Perguntei pra eles: ‘Vocês já foram à Amazônia? Já foram ao Acre? Já viram as mãos talentosas do pessoal do Acre produzindo biojoia e bioeconomia?’. Eles vieram. Passaram por Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó, Sena Madureira, Xapuri e Rio Branco. Reuniram-se com mais de 100 artesãos e selecionaram 18 para o projeto”, contou.


Entre os nomes mencionados está o artesão Marcos, de Cruzeiro do Sul, que produz bolsas com materiais da floresta, vendidas por até R$ 5 mil. A iniciativa resultou em uma exposição dentro da Expoacre, organizada em parceria com o Sebrae.


 


“Esse é um projeto lindo, que mostra que a Amazônia tem produtos com potencial para virar negócio. Um exemplo foi quando o dono da Arezzo viu nossas sandálias com adereços do Acre, em uma exposição em Porto Alegre, e se encantou. Disse que era exatamente isso que queria produzir, porque tem valor em qualquer lugar do mundo.”


Jorge Viana destacou ainda a internacionalização da iniciativa, com a recente abertura de um escritório da PECS em Lisboa, Portugal. “Estavam lá o Maxon, artesão de marchetaria de Cruzeiro do Sul, e a Rodinei, que foi escolhida porque faz colares incríveis com jarina, o marfim vegetal. O Mancha também faz peças belíssimas”, comentou.


Segundo ele, o foco do programa é transformar o trabalho de artesãos em negócios sustentáveis, inclusive para exportação. “Está acontecendo, está aqui na Expoacre deste ano. Eu mesmo tenho uma bolsa feita pelo Maxon. Toda vez que uso, recebo elogios e perguntas sobre onde comprei. Ganhei de presente e uso com orgulho”, detalhou.


Viana alerta para impactos da taxação dos EUA sobre produtos brasileiros a partir de agosto com tarifaço

O ex-senador e atual presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, alertou neste domingo para os impactos da nova taxação que o governo dos Estados Unidos pretende impor a produtos brasileiros a partir de agosto. A declaração foi dada durante participação em evento agropecuário.


“Primeiro, é muito grave o que está ocorrendo, você tem razão. Estamos aqui numa feira, em um ambiente alegre, de negócios, porque sempre trabalhei aqui. Esse parque leva o nome do meu pai, mas não fui eu que coloquei, porque nunca dei nome de parente a nada. Meu pai era um grande incentivador da pecuária, da agricultura, de criar, de trabalhar. É um ambiente bacana, mas a gente não pode deixar de tratar de algo tão grave que está na ordem do dia. A partir do dia 1º, tudo que for exportado para os Estados Unidos pode ficar até 50% mais caro, porque eles querem cobrar esse valor de imposto. É muito sério isso.”


Segundo Viana, atualmente cerca de 9 mil empresas brasileiras exportam para os EUA, com valores que variam entre 20 mil e 3 bilhões de dólares. “A Embraer exporta 2 bilhões, o suco de laranja representa 1,1 bilhão de dólares. Estou com todo o time da Apex trabalhando para ajudar o presidente e o governo a entenderem o tamanho do prejuízo. E o dano é muito grande.”


Ele destacou que os Estados Unidos têm uma economia 12 vezes maior que a do Brasil, com PIB de 22 trilhões de dólares. “Quarenta bilhões para eles é nada, mas para o Brasil representa muito.”



Foto: Jardy Lopes


Viana ainda relembrou uma entrevista dada antes da posse de Donald Trump, quando afirmou que o mundo se tornaria mais tensionado. “Levei tanta pancada por isso, mas olha o que aconteceu. Hoje teve acordo com a União Europeia. E, no caso do Brasil, a situação é pior, porque é uma questão fora do comércio. Trump enviou uma carta dizendo que não quer que o Supremo julgue o ex-presidente e que não quer outras medidas contra as big techs. Mas quem regula isso é o Congresso brasileiro, e não o Executivo.”


O dirigente da Apex explicou que os EUA obtêm lucros no comércio com o Brasil há 15 anos consecutivos, totalizando 410 bilhões de dólares, sendo 90 bilhões apenas em produtos. “Eles perdem com a China, União Europeia, Japão, Coreia, Canadá e México, mas com o Brasil ganham dinheiro.”


Viana aponta que os recentes ataques às instituições brasileiras e as afinidades ideológicas entre políticos estão prejudicando empresas e empregos. “Isso afeta o Brasil e também o Acre. O Acre, no ano passado, foi o estado que mais cresceu nas exportações: saiu de 45 para 87 milhões de dólares. Nunca tinha acontecido isso. Em dois anos e meio na Apex, o estado exportou mais de 1 bilhão de reais.”


Ele também alertou que setores como o de castanha e carne podem ser prejudicados com a nova taxação, o que representaria um prejuízo estimado em até 5 milhões de dólares para o Acre. “São Paulo talvez não perca, porque 70% do comércio com os EUA sai do Sudeste, e 30% só de São Paulo. Mas essa situação é ruim para todo o Brasil.”


Jorge Viana falou durante a Expoacre sobre a possível visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Acre, prevista para o dia 8 de agosto. Segundo ele, a expectativa é que o presidente anuncie medidas relacionadas à recuperação da BR-364, uma das principais rodovias do estado, atualmente em más condições de tráfego.


“Os anúncios que o Lula deve fazer são na questão da reconstrução ou, pelo menos, do tapa-buraco da BR-364, que está em uma situação horrível. Eu falo isso porque a nossa equipe passou por baixo para chegar a Sena Madureira. A situação é muito crítica. Se você pegar, passando pelo Bujari em direção a Sena, até o quilômetro 80 é um caos”, disse.


 


Viana afirmou que a visita presidencial será voltada ao anúncio de soluções concretas. “Acho que o presidente deve vir mesmo no dia 8. E, quando o presidente vem — ainda mais sendo o presidente Lula, que sempre foi assim com o Acre — é para anunciar notícias boas, para ajudar a gente a resolver os nossos problemas, como esse da BR-364. Não é para outra coisa”, explicou.


Segundo ele, no primeiro ano do governo Lula, foram investidos R$ 278 milhões nas BRs do estado que estavam intransitáveis. Porém, com o inverno amazônico, houve nova deterioração, especialmente na BR-364. “Nesse último ano foram mais R$ 500 milhões. A BR-317 está razoavelmente boa até a estrada do Pacífico, até Assis Brasil. Mas a BR-364 tem situações muito críticas, e eu espero que ele anuncie agora o que a gente chama de uma camada de macadame, que é colocar pedra em grande quantidade, porque o nosso solo é horrível para fazer estrada naquela região. Você faz no outono e logo acaba”, declarou.



Foto: Jardy Lopes


Viana também destacou que, no governo anterior, os investimentos foram suspensos, o que agravou a situação. “A gente teve R$ 80 milhões no último ano, e só. Parou-se de investir por quatro anos e agora estamos pagando essa conta. Mas não adianta ficar reclamando do passado, é preciso ver qual solução a gente encontra”.


Além da infraestrutura rodoviária, o ex-governador destacou que Lula deve anunciar investimentos em outros setores, como a construção da ponte de Rodrigues Alves e projetos ferroviários. “Estou ajudando a fazer. Acho que não vou deixar fora. A ponte de Rodrigues Alves, só eu e meu governo, com a ajuda do Rufi, tratamos como uma prioridade. Precisamos de uma ponte dali até Cruzeiro do Sul. São dois quilômetros. O Rufi fez três. Depois vieram os governos do Beirinha e do Tião. A ponte não está na BR, mas precisa ser feita imediatamente, como está sendo a de Xapuri agora pelo atual governo. Também está sendo feito o anel viário de Brasiléia”.


 


Viana afirmou que a vinda de Lula ao estado incluirá anúncios para o setor produtivo, com abertura de novos mercados para a carne acreana. “Vamos anunciar muito dinheiro para o setor produtivo. Mercados novos para a pecuária — como o Chile e, provavelmente, o Japão — para a carne suína e bovina. Isso atende aos pecuaristas. Nós vamos anunciar muitos investimentos”, reforçou.


Ele acrescentou que representantes do Banco da Amazônia, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil também devem participar, com anúncios voltados aos pequenos e médios produtores rurais. “O presidente do Banco da Amazônia, da Caixa, do Banco do Brasil vai anunciar investimentos para os pequenos e médios produtores. O assentamento do Incra, o Márcio Alércio, vai anunciar tudo. Vai ser um momento muito especial”, declarou.


Por fim, Viana enfatizou seu envolvimento pessoal na preparação do pacote de medidas e afirmou que, mesmo sem mandato, segue comprometido com o estado.


“Fiquem certos: eu estou pessoalmente envolvido. Vai ter conversa, comunicação, e o anúncio será um pacote de investimentos no Acre, porque é o jeito que eu posso ajudar. Eu não estou com mandato de senador nem de governador, mas na Apex eu posso ajudar. Eu sou do Acre. Onde eu estiver, tem Acre”.


o ex-governador e ex-senador Jorge Viana comentou sobre seu posicionamento político e a possibilidade de disputar uma das vagas ao Senado nas eleições de 2026. Ele também fez reflexões sobre sua trajetória e a responsabilidade de continuar contribuindo com o Acre.


“Uma coisa que eu aprendi com Dom Moacyr, lá atrás, que eu adorava… Eu perguntei pra ele se a indiferença era um pecado. E ele me falou: ‘Meu filho, nunca seja indiferente, porque não é um pecado — é a soma de vários. Se você pode ajudar em alguma coisa, vai ficar de braços cruzados? Você pode socorrer uma pessoa, pode ajudar em uma situação ou noutra, sabe fazer.’”


Segundo Viana, esse ensinamento o guia até hoje. “Estou condenado a nunca ficar indiferente. E tenho satisfação disso. Claro que, nas redes sociais, a gente está sempre exposto, também cobrando — governo e tal, não sei o quê — porque o pessoal tem uma lembrança boa, graças a Deus, do meu tempo de governo. E também do meu tempo no Senado.”



Foto: Jardy Lopes


Ele afirmou que, atualmente, não ocupa nenhum cargo eletivo, mas acredita que o momento exige humildade e capacidade de reconstrução. “Se nós não tivermos nenhum deputado estadual, nenhum deputado federal — que eu queria já ver agora — claro que meu perfil é de governo. Aí, quando alguém diz: ‘Ah, mas você pode ser candidato a governador’, eu respondo: ‘Então, se eu for candidato ao Senado, tu vota? São oito anos. Depois de quatro anos, tu me coloca pra eu ser governador. Então tá resolvido: os dois cargos.’”


Jorge também comentou sobre sua rotina dividida entre a missão atual e os compromissos políticos. “Hoje eu vou sair com meus netos. Eu não vejo que meu trabalho é lá, porque estou em uma missão. Mas não posso ser malandro de estar lá e vir fazer política de marca, campanha de marca. Estou tentando conciliar, porque sei que estou atrasado nisso — é um fato. Mas não por vontade. Tive que resolver os problemas internos do PT, e graças a Deus, sem gastar energia à toa, a gente está unido. Isso era necessário.”


Segundo ele, depois de muitas conversas, o partido está alinhado, e ele agora se sente livre para articular seu futuro político. “Agora estou livre para voar, para fazer os contatos. Pensa que não? Hoje de manhã, ontem à noite, eu estava aqui. Não estou parando. Estou muito por vocês e vou intensificar isso.”


Ele ainda deixou claro sua disposição em disputar uma das vagas ao Senado. “Minha intenção é, preferencialmente, de escutar uma das duas vagas do Senado. Se o pessoal achar que, com minha história, eu posso ajudar o Acre — em Brasília, aqui, com a minha experiência — ótimo. Mas não vou me omitir e dizer: ‘Não, vou cuidar da minha vida.’ Não. Vou cuidar do Acre. Onde eu estiver, tem Acre. E eu acho que, se tiver um mandato de senador, com a minha vivência, posso ajudar muito.”


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