Moraes decide oficiar Tarcísio de Freitas sobre suposta participação em reunião golpista

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que vai oficiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), após o nome do ex-ministro ter sido citado durante depoimentos no inquérito que apura a suposta tentativa de golpe de Estado articulada por aliados de Jair Bolsonaro (PL) para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.


A decisão foi anunciada na quarta-feira (16), após o advogado Jeffrey Chiquini, defensor de Filipe Martins — ex-assessor especial de Bolsonaro —, questionar o tenente-coronel Mauro Cid sobre uma suposta participação de Tarcísio em reunião realizada no Palácio da Alvorada, na qual teria sido discutida uma minuta de intervenção.


Diante da insinuação, Moraes advertiu o advogado: “O governador de São Paulo não é investigado neste processo. O senhor quer que eu informe mais alguma autoridade sobre suas acusações?”, disse. Segundo o ministro, a menção feita por Chiquini seria levada formalmente ao conhecimento de Tarcísio.


A situação voltou à tona durante o depoimento do general da reserva Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), também ouvido nesta semana. Chiquini insistiu em perguntas sobre registros de imagens dos atos de 8 de Janeiro, sendo novamente interrompido por Moraes, que considerou a linha de questionamento uma tentativa de desviar o foco do processo.


“Seletividade da PGR”

Após a repercussão, Chiquini usou as redes sociais para afirmar que nunca acusou formalmente o governador. Segundo ele, a menção ao nome de Tarcísio se limitou à exibição de uma planilha com registros de entrada no Alvorada em data e horário próximos à suposta reunião. O material havia sido anexado ao inquérito pela Polícia Federal.


“A defesa está demonstrando que essa planilha não significa e não prova nada”, disse o advogado. Ele também acusou a Procuradoria-Geral da República de conduzir uma investigação seletiva, em suas palavras, “num vale-tudo persecutório que envergonha o Estado de Direito”.


Chiquini afirmou ainda que Mauro Cid, delator no caso, admitiu que os registros de entrada no Palácio podiam ser manipulados, já que era ele próprio quem anotava nomes de visitantes. Para a defesa, isso tornaria a planilha uma prova “frágil”, sem valor legal para sustentar acusações.


Tarcísio nega

Em nota, a assessoria do governador de São Paulo reiterou que ele “jamais participou ou tomou conhecimento de qualquer reunião sobre o assunto mencionado”. Afirmou ainda que os esclarecimentos sobre sua presença no Palácio do Alvorada já foram prestados em depoimento à PF, em 30 de maio, e que a PGR analisou e arquivou o caso.


Tarcísio, que foi ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, teve seu nome incluído em registros de visita ao então presidente no fim de 2022, após o segundo turno, mas não é alvo de investigação nem réu em nenhuma das ações relacionadas à trama golpista.


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