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Mesmo no recesso, escolas estaduais seguem abertas para servir refeições

O recesso escolar é tempo de pausa, mas no Acre também é um momento de cuidado. Enquanto professores e estudantes descansam das aulas, a rede pública estadual mantém as portas das escolas abertas. E as panelas também. Em um movimento curioso e bonito, muitos alunos continuam indo à escola durante o recesso. Voltam, todos os dias, para o almoço.


Estudante Levy de Souza durante almoço no recesso escolar. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Isso acontece porque durante o recesso de julho de 2025, o governo, por meio da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), decidiu manter a oferta da refeição do Prato Extra, programa que beneficia os 130 mil alunos da rede com alimentação planejada por nutricionistas, feita com alimentos frescos e variados, que valorizam produtos da agricultura familiar e respeitam os hábitos alimentares regionais.


Levy de Souza aproveita as férias para brincar na rua, empinar pepeta e se divertir com os amigos, mas, na hora do almoço, o rapazinho de 7 anos não deixa de comparecer à mesa da escola para almoçar. “Eu gosto mais do arroz e da carne, e do suco de cupuaçu”, responde ele, quando indagado sobre o que gosta mais de comer, mas, devorando o prato até o fim.


Gestora Francisca Chagas e equipe da Escola Manoel Machado se dedicam a manter o almoço dos alunos durante o recesso. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Levy é aluno da escola rural Manoel Machado, localizada no quilômetro 3 do ramal São José, Belo Jardim III, em Rio Branco. Ali, durante os cinco dias úteis da semana uma média de 50 alunos não deixam de se alimentar durante o recesso.


“Aqui na nossa escola muitos alunos possuem baixa renda e precisam realmente de alimentos e acolhida. Durante as aulas eles têm o café da manhã e o almoço. Graças ao governo também durante esse recesso eles estão vindo aqui para a escola”, conta  a gestora Francisca Chagas, chamada carinhosamente pela comunidade de Quinha e que dedica há 21 anos a sua vida à Manoel Machado.


Estudante Ruan Frota saboreia o almoço na escola Marina Vicente. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Do outro lado da cidade, na área urbana da cidade, mais precisamente no bairro Boa União, localizado na região da Baixada do Sol, Ruan Frota também não deixa de sentar à mesa da Escola Marina Vicente Gomes. “A comida aqui é muito boa, e agora almoçando nas férias está melhor ainda porque o que mais gosto de fazer na escola é comer”, conta o aluno em tom de brincadeira. Ali na Marina cerca de 30 alunos comparecem ao almoço mesmo durante o recesso.


Comida boa tem origem

Agricultor Marlon de Souza e família se dedicam à produção de hortaliças para a alimentação escolar. Foto: Mardilson Gomes/SEE

A merenda escolar que chega quentinha ao prato do Levy e do Ruan começa bem antes da cozinha: no campo. Mesmo durante o recesso, os produtores da agricultura familiar seguem fornecendo os alimentos que compõem o cardápio servido nas escolas.


Frutas, verduras, hortaliças, polpas e outros ingredientes continuam sendo entregues semanalmente pelas associações locais, garantindo que a alimentação siga fresca, saudável e valorizando o que é produzido no Acre.


Família trabalha unida na produção para a alimentação escolar. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Como o exemplo da família do agricultor Marlon de Souza, no ramal Beija-Flor, situado no quilômetro 19 da Estrada de Porto Acre, a família de cinco membros — os pais de Marlon, sua esposa, filha e ele próprio — segue dedicada à produção de cebolinha, chicória, couve e alface, que abastecem a alimentação de estudantes de diversas escolas da capital.


“Eu tenho uma filha, então, fornecendo um produto de qualidade para as escolas, me sinto honrado em estar contribuindo não só com a alimentação dela, mas também dos colegas dela e das filhas de outros produtores”, relata o agricultor.


Comida que aquece o coração

Cozinheira Maria Solângela Jucá: “A gente faz com amor”. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Quem visita as cozinhas da Manoel Machado e da Marina Vicente encontra além de comida boa, muito amor e dedicação. Na Marina, por exemplo, a Sol, apelido carinhoso da cozinheira Maria Solângela Jucá, aquece o coração dos alunos com seus pratos saborosos e o cuidado de sempre.


“Eu fico feliz e grata. A gente faz com amor. Alimentar essas crianças é prazeroso e ver eles voltando aqui na escola durante o recesso é gratificante”, diz Sol.


Cozinheira Helly Sampaio: “Aqui é minha família”. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Na Escola Manoel Machado, a comida tem gosto de casa de avó. É a Helly Sampaio quem comanda as panelas. Cozinheira dedicada e também avó da pequena Ana Beatriz, aluna da escola, Helly revela que além da neta, os três filhos, hoje já adultos, também estudaram na Manoel. Uma história que atravessa gerações.


“Já estou na Manoel Machado há 25 anos, então aqui é minha família. Essas crianças, para mim, são minhas. Eu amo fazer comida para eles. Faço como se fosse para minha casa, e às vezes, até melhor”, conta a vovó cozinheira com carinho.


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