Lula reage a Trump e promete taxar as big techs dos EUA: “Não aceito ordem de gringo”

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de abertura do 60º CONUNE – Congresso da União Nacional dos Estudantes. Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Goiás, Goiânia - GO. Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) endureceu o discurso contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao criticar a decisão de sobretaxar produtos brasileiros em até 50%. Durante sua participação no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), nesta quinta-feira (17), em Goiânia, Lula classificou a medida como um ataque direto à soberania nacional e afirmou que o Brasil responderá com a taxação das grandes empresas digitais americanas.


“Não aceitamos que ninguém se meta nos nossos assuntos internos. Vamos responder como democratas: cobrando imposto das empresas americanas digitais”, afirmou. Segundo Lula, a resposta virá dentro dos marcos institucionais, mas com firmeza. “Não é agora que vou aceitar ordem de gringo. O mundo precisa saber que este país é soberano porque o povo tem orgulho.”


As falas ocorrem em meio à escalada da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, desencadeada pela carta de Trump que condiciona a aplicação das tarifas à condução do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal. A tentativa de ingerência provocou forte reação do governo brasileiro e acirrou o embate com a oposição bolsonarista.


Retórica política

Durante o discurso, Lula ressaltou que o Brasil mantém há mais de dois séculos relações diplomáticas com os EUA, mas acumula um déficit comercial de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos. “Não aceitamos a ideia de o presidente mandar um e-mail dizendo que, se não liberarmos o Bolsonaro, vai aplicar uma tarifa de 50%”, afirmou.


O presidente também criticou o uso político da crise pela oposição. A fala ocorreu em Goiás, estado governado por Ronaldo Caiado (União Brasil), um dos principais aliados da direita e nome cotado para a corrida presidencial de 2026.


Lula aproveitou o evento para comentar os desdobramentos do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. “É a primeira vez que temos generais de quatro estrelas presos por tentarem dar um golpe, com insinuações de que precisavam matar Lula, Moraes e meu vice. Essa gente vai ser julgada”, declarou.


Em relação ao ex-presidente Bolsonaro, Lula disse que ele ainda será responsabilizado pela condução da pandemia. “Ele vai ser processado pelas mortes causadas pela irresponsabilidade. Agora pede apoio dos Estados Unidos. Quem abraça a bandeira americana é um patriota falso. Que transfira o título e vote lá.”


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