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Exército se vê “blindado” pelo Supremo Tribunal Federal com veto a farda em depoimento

Ministro Alexandre de Moraes proibir militares réus utilizarem farda durante o depoimento nesta segunda-feira (28). • Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Exército se viu “blindado” na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de proibir militares réus por tentativa de golpe de estado de usar farda durante o depoimento nesta segunda-feira (28).


A decisão agradou integrantes da Forças que viram na iniciativa de Moraes uma maneira de mais uma vez afastar o Exército da trama golpista e buscar a responsabilização individual dos militares acusados de participação no plano para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após as eleições de 2022.


Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima, ambos tenente-coronel, foram impedidos de participar da audiência de depoimento de réus do núcleo 3 usando farda.


O juiz auxiliar Rafael Henrique Rocha, que conduz os interrogatórios, determinou que eles trocassem as vestimentas por roupas civis por ordem de Moraes, que é relator do processo.


“Isso foi determinação do ministro relator. Na medida em que a acusação é voltada contra os militares, não contra o Exército brasileiro”, disse o juiz.


O Estatuto dos Militares prevê proibições de uso da farda por militares em três situações:


  • Em manifestação de caráter político-partidária;
  • Em atividade não-militar no estrangeiro, salvo quando expressamente determinado ou autorizado; e
  •  na inatividade, salvo para comparecer a solenidades militares, a cerimônias cívicas comemorativas de datas nacionais ou a atos sociais solenes de caráter particular, desde que autorizado.

Não há, portanto, nenhuma referência direta ao uso do uniforme em situações como do depoimento no STF. O caso, porém, é inédito.


Único militar da ativa a ser interrogado no STF até o momento havia sido o tenente-coronel Mauro Cid. Ex-ajudante de ordens e delator no processo, ele optou por usar terno.


Procurado oficialmente para se manifestar sobre a decisão de proibir o uso da farda no depoimento, o Exército informou que não se manifesta sobre processos judiciais em andamento.


Sob reserva, oficiais-generais relataram à CNN que a decisão do uso da farda partiu diretamente dos militares, sem autorização, orientação ou proibição da Força.


Para militares, a decisão de Moraes reforça o entendimento do STF de que o que está sendo julgado são as pessoas e não a instituição.


Desde o início da investigação da trama golpista, o Exército tem tentando se manter distante do processo e defendido a punição individual dos envolvidos.


Integrantes do Alto Comando citam com frequência o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que afirma que é preciso “preservar o CNPJ” do Exército, Marinha e FAB (Força Aérea Brasileira).


“Cada um entrou nisso com seu CPF e a gente tem que preservar o CNPJ das três Forças”, disse Múcio em dezembro de 2024.


Nesta segunda-feira, os depoimentos ocorrem por videoconferência com todos os dez réus do núcleo 3, formado na maioria por militares das forças especiais, chamados de “kids pretos”.


O tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira está preso em uma unidade militar em Niterói (RJ). Já Hélio Ferreira Lima está detido em Manaus (AM).


De acordo com a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), os acusados do grupo seriam os responsáveis por ações táticas da tentativa de golpe de Estado, monitorando alvos e planejando sequestros e execuções.


No âmbito do inquérito que corre na Primeira Turma do STF, os kids pretos teriam planejado, segundo as investigações, a morte do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, em 2022.


Veja quem está sendo interrogado nesta segunda-feira (28):


  • Bernardo Romão Correa Netto, coronel
  • Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, general da reserva
  • Fabrício Moreira de Bastos, coronel
  • Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel
  • Márcio Nunes de Resende Jr. , coronel
  • Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo, tenente-coronel
  • Ronald Ferreira de Araújo Jr. tenente-coronel
  • Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros tenente-coronel
  • Wladimir Matos Soares, agente da Polícia Federal

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