O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apareceu nesta sexta-feira (11), em agenda pública no Espírito Santo, usando um boné com a frase “O Brasil é dos brasileiros”. O gesto ocorre em meio à escalada de tensão diplomática com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após o anúncio de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados ao país norte-americano.
O boné, que já havia sido utilizado por Lula em fevereiro, logo após a eleição das novas mesas diretoras da Câmara e do Senado, foi interpretado como um aceno simbólico de afirmação da soberania nacional diante da ofensiva comercial dos EUA.
A peça virou destaque nas redes sociais de aliados do presidente, que intensificaram o discurso de que o Brasil não aceitará ingerências externas.
Sinal político e guerra de símbolos
A decisão de Trump de sobretaxar as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto reacendeu a polarização política e impulsionou uma batalha de narrativas nas redes sociais.
Enquanto aliados de Jair Bolsonaro (PL) tentam responsabilizar o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo desgaste diplomático, o Planalto e movimentos sociais de esquerda reagiram com um discurso nacionalista, centrado na defesa da soberania e das instituições brasileiras.
No evento, Lula não mencionou diretamente Trump, mas sua equipe de comunicação trabalha para reforçar a imagem do presidente como defensor do interesse nacional — estratégia que deve ganhar novo fôlego com o pronunciamento oficial que Lula prepara para rebater o republicano em cadeia nacional.
Nacionalismo em disputa
O uso de símbolos como o boné com o slogan “O Brasil é dos brasileiros” marca uma tentativa do governo de disputar com a direita os valores do patriotismo e da independência nacional, frequentemente apropriados pelo bolsonarismo.
O tema ganhou ainda mais relevância após a frase “respeita o Brasil” se tornar um dos tópicos mais compartilhados no X (antigo Twitter), desde que Trump anunciou as tarifas.
Em atos realizados na Avenida Paulista, na quinta-feira (10), manifestantes exibiram cartazes com críticas ao presidente norte-americano e defenderam a resposta do Brasil com base na Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada neste ano pelo Congresso Nacional.