Eduardo Bolsonaro diz que pode renunciar ao mandato e prolongar “exílio” nos EUA

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta segunda-feira (14) que “muito provavelmente” abrirá mão do mandato parlamentar.


O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro está nos Estados Unidos desde março, quando pediu licença da Câmara alegando perseguição por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).


“A minha data para voltar é quando Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender”, declarou o parlamentar ao jornal O Estado de S. Paulo.


A licença parlamentar de Eduardo Bolsonaro vence no próximo domingo, 20 de julho. A permanência nos EUA, segundo ele, ainda é estratégica.


Em entrevista à Folha de S.Paulo, afirmou que considera abandonar o cargo: “Ainda tenho assessor meu dando inputs. Não consigo bater o martelo se houver alternativa. Mas, se for necessário, eu não volto ao Brasil”, disse.


Mandato remoto

Eduardo citou a possibilidade de uma eventual mudança no regimento da Câmara que permitiria o exercício do mandato à distância em situações “excepcionalíssimas”. A medida, no entanto, não está em pauta oficial e exigiria amplo apoio político.


Aliados de Eduardo avaliam que a permanência fora do Brasil também protege o deputado de um eventual pedido de prisão. Ele não tem mandato suspenso e não há ordem judicial para sua prisão, mas é alvo de inquérito por obstrução de Justiça e ataque ao Estado Democrático de Direito.


Investigado por articulações

A decisão de permanecer nos EUA ganhou novo peso com a crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, após o presidente Donald Trump anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. O nome de Eduardo Bolsonaro foi citado por governistas como um dos articuladores das sanções, junto a parlamentares e empresários americanos.


Em abril, Moraes atendeu pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e abriu inquérito para investigar a atuação internacional de Eduardo. A PGR aponta que ele tentou influenciar autoridades estrangeiras a sancionar ministros do STF, procuradores e delegados da Polícia Federal.


Na última semana, Moraes prorrogou a investigação por mais 60 dias, após pedido da Polícia Federal, que quer concluir diligências pendentes.


Disputa política

A permanência de Eduardo nos EUA ocorre no momento em que seu pai, Jair Bolsonaro, também se tornou centro do discurso do governo norte-americano. Em declaração recente, Trump afirmou que o Brasil “está fazendo uma coisa horrível” ao perseguir Bolsonaro, e que a sobretaxa tem motivação política.


Aliados do governo Lula sustentam que a presença de Eduardo em Washington intensifica a guerra de narrativas e alimenta uma política externa paralela, com risco de ingerência nos assuntos internos do Brasil.


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