Após se reaproximar dos R$5,60 em meio às preocupações com os efeitos da guerra tarifária dos EUA sobre a economia brasileira, o dólar perdeu força e encerrou a sexta-feira praticamente estável no Brasil, ainda que o saldo da semana tenha sido de alta firme ante o real.
Qual a cotação do dólar hoje?
O dólar à vista fechou a sexta-feira com leve alta de 0,12%, aos R$5,5481. Na semana, a divisa acumulou elevação de 2,28% ante o real, com as cotações incorporando prêmios de risco após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado na quarta-feira uma tarifa de 50% sobre os produtos comprados do Brasil.
Às 17h04, na B3 o dólar para agosto — atualmente o mais líquido — subia 0,13%, aos R$5735.
Dólar comercial
- Compra: R$ 5,588
- Venda: R$ 5,589
Dólar turismo
- Compra: R$ 5,608
- Venda: R$ 5,788
O que aconteceu com dólar hoje?
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo uma maior aversão a ativos mais arriscados no exterior, o que afetava a divisa brasileira, depois que Trump fez novas ameaças tarifárias na véspera.
Em carta enviada ao primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, Trump afirmou que vai impor uma taxa de 35% sobre os produtos canadenses a partir de 1º de agosto, citando sua insatisfação com o suposto fluxo de fentanil que entra nos EUA a partir do vizinho ao norte.
O anúncio pegou os mercados de surpresa, uma vez que o governo canadense vem tendo discussões comerciais com Washington há meses, o que fornecia esperanças de que Ottawa poderia receber uma taxa menor.
Em outro sinal negativo, Trump sinalizou que a tarifa básica cobrada sobre países que não receberam taxas específicas, atualmente em 10%, pode ser elevada para 15% ou 20%.
Com os comentários de Trump, os mercados retomavam as especulações de que o prazo de 1º de agosto estipulado por Trump para o fechamento de acordos comerciais possa, na verdade, ser o início de uma guerra comercial total, o que fomentava a fuga de ativos de risco.
“A elevação das tensões, decorrente das ameaças de tarifas de Trump, resultou em um aumento da volatilidade nos mercados, abrangendo câmbio e mercados de capitais”, disse Marcio Riauba, head da mesa de operações da StoneX Banco de Câmbio.
“Essa dinâmica é impulsionada pelas declarações de Trump sobre a possível aplicação de tarifas gerais de 15% a 20% sobre a maioria dos parceiros comerciais”, completou.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,18%, a 97,763.
No Brasil, a semana já tem sido de aversão ao risco de forma geral, depois que Trump anunciou na quarta a imposição de uma taxa de 50% sobre os produtos brasileiros, vinculando a cobrança ao tratamento que o ex-presidente Jair Bolsonaro tem recebido do Supremo Tribunal Federal (STF), entre outros assuntos.
O mercado nacional aguarda novidades sobre como o governo brasileiro reagirá à ofensiva de Trump, seja com retaliações ou avançando em negociações comerciais. Na quinta-feira, o dólar à vista fechou com alta de 0,69%, a R$5,5416.
Os investidores também avaliavam novos dados econômicos no Brasil. O IBGE informou que o volume de serviços cresceu pelo quarto mês consecutivo em maio, ainda que abaixo do esperado, mostrando resiliência em meio à expectativa de desaceleração da economia.
Já o Ministério da Fazenda revisou para cima a previsão para o crescimento do país neste ano, passando a ver o Produto Interno Bruto (PIB) em 2,5%, contra previsão de 2,4% feita em maio. Para 2026, a estimativa passou de 2,5% para 2,4%.
(Com Reuters)