Uma das medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira (18) o proíbe de manter contato com outros investigados em um inquérito sigiloso que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Essa restrição atinge diretamente seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se tornou uma figura-chave em articulações internacionais contra o ministro Alexandre de Moraes. As informações são da Folha de S.Paulo.
Segundo o jornal, o procedimento que levou à aplicação das medidas contra Bolsonaro foi autuado no STF e distribuído ao gabinete de Moraes na última sexta-feira (11), dois dias após Trump anunciar o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, citando o processo contra o ex-presidente no STF.
Eduardo Bolsonaro, que se encontra nos EUA, teve papel central na retaliação americana ao Brasil por conta do processo da trama golpista que tramita na Corte, e estaria trabalhando para ampliar a ofensiva americana.
O caso ganhou novas dimensões na quinta-feira (17), com uma reportagem do The Washington Post revelando que Eduardo Bolsonaro está colaborando com membros do governo Trump para tentar impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes. Segundo o jornal, uma minuta com propostas de sanção foi elaborada com base na Lei Magnitsky, mecanismo jurídico que permite aos EUA punirem estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos.
A proposta, porém, enfrentou resistência interna nos Estados Unidos. Autoridades do Departamento do Tesouro e do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) relataram preocupação com o impacto que a medida teria na credibilidade do país em temas de promoção da democracia. Um funcionário, sob anonimato, afirmou ao Post que sancionar um juiz da Suprema Corte brasileira por suas decisões minaria a imagem dos EUA como defensores do Estado de Direito.
Mesmo assim, a ofensiva internacional foi publicamente exibida. Na quarta-feira (16), Eduardo Bolsonaro apareceu em vídeo gravado em frente à Casa Branca, ao lado de Paulo Figueiredo, outro investigado pela trama golpista. No vídeo, ambos afirmam ter se reunido com autoridades americanas para discutir sanções contra “aliados e apoiadores” de Moraes.