A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (9) a convocação do chanceler Mauro Vieira para prestar esclarecimentos sobre a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, atualmente em prisão domiciliar por condenação por corrupção.
O requerimento, de autoria de parlamentares do partido Novo, representa uma derrota política para o Palácio do Planalto, em meio ao desgaste internacional gerado pelo gesto diplomático.
Além da convocação, os deputados aprovaram uma moção de repúdio à conduta de Lula e do ministro das Relações Exteriores. O presidente visitou Kirchner na semana passada, durante passagem por Buenos Aires para a Cúpula do Mercosul, e compartilhou imagens e mensagens de apoio à ex-líder peronista em suas redes sociais.
Para os parlamentares da oposição, o gesto representa uma “turnê da impunidade” e compromete a credibilidade do Itamaraty.
“Diante desses absurdos, vamos convocar o chanceler Mauro Vieira para explicar por que a política externa brasileira virou rota de solidariedade entre corruptos”, afirmou o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS).
Críticas à conduta
Os autores do requerimento afirmam que Lula e Vieira atuaram em desacordo com a missão institucional da diplomacia brasileira.
“O Itamaraty deve representar os interesses permanentes do Estado, e não de partidos ou lideranças circunstanciais”, escreveram os deputados, ao criticar o envolvimento com “afinidades ideológicas” e “solidariedades seletivas”.
A presidência da comissão está atualmente com o deputado Filipe Barros (PL-PR), em substituição a Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se afastou após viajar aos EUA. A comissão tem sido usada como plataforma de enfrentamento ao governo por integrantes da oposição bolsonarista.
A convocação de Mauro Vieira ainda não tem data definida, mas tende a aprofundar a tensão entre governo e oposição na política externa brasileira.