Após quase 40 dias sem registro de precipitação, a capital acreana teve uma trégua com a chuva de segunda-feira (28). Apesar do alívio nas temperaturas, o cenário segue crítico já que o nível do Rio Acre subiu apenas um centímetro na terça (29), chegando a 1,55 metro e se mantendo nesta quarta (30).
Com estiagem prolongada, o nível atual está a apenas 32 centímetros do recorde de seca, registrado em setembro de 2024, quando o rio chegou a 1,23 metros. Por conta disso, o órgão estuda decretar emergência, já que historicamente, estes são os níveis mais baixos da história para o mês de julho. (Entenda mais abaixo)
O coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel Cláudio Falcão, informou que a chuva de segunda-feira não foi significativa.
”Segunda-feira (28) tivemos apenas 8mm e nesta terça-feira (29) choveu mais 2mm. Somando tudo, são apenas 10mm, o que não representa praticamente nada referente à estiagem que enfrentamos”, explicou.
A Defesa Civil municipal considera como chuvas significativas aquelas com volume acima de 30mm, principalmente neste período mais seco, quando o solo está saturado e absorve pouco.
Apesar da baixa influência no nível do rio, Falcão também destacou que a chuva ocorreu em outros pontos da bacia do Rio Acre e em outros rios, como o Juruá, Tarauacá e Purus, o que pode ajudar a amenizar o clima momentaneamente.
Emergência
A situação é considerada crítica e já mobiliza ações emergenciais. Segundo o coronel, a Defesa Civil vai indicar à Prefeitura de Rio Branco a decretação de situação de emergência devido à crise hídrica.
”Temos fatores suficientes: muitos dias sem chuvas, altas temperatura, umidade do ar em queda e qualidade do ar ruim. Produtores rurais, piscicultores e toda a cadeia da bacia leiteira estão no prejuízo. Precisamos agir rápido”, disse.
Com pelo menos 90 dias de estiagem previstos pela frente, a projeção da Defesa Civil Municipal é de que o nível do Rio Acre continue caindo.
”Mesmo com esse [um] centímetro de elevação, é possível que o rio atinja marcas ainda mais críticas nas próximas semanas. Em uma estimativa rápida, podemos estar abaixo de 1,50 metro já na primeira quinzena de agosto”, alertou Falcão.
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Rio Acre em julho, em Rio Branco — Foto: Júnior Andrade/Rede Amazônica
Operação com caminhões-pipas
A seca do Rio Acre e afluentes prejudica tanto o abastecimento de água quanto a produção e o escoamento da cidade. A capital acreana mantém, desde o início do mês, operações com caminhões-pipas para abastecer a zona rural e, conforme o coronel, a ação deve seguir até dezembro.
Além disso, bairros da zona urbana também já enfrentam problemas com o abastecimento de água. Mesmo em épocas ‘normais’ existe racionamento, mas agora, com o manancial do rio baixo a situação se agrava mais.
Operação Estiagem iniciou nesta segunda-feira (7) em Rio Branco — Foto: Arquivo/Defesa Civil de Rio Branco
Medidas de preparação
A capital deve entrar oficialmente em modo de atenção nos próximos dias, devido à baixa umidade relativa do ar e a falta de chuva.
Com o objetivo de minimizar os impactos da estiagem sobre a população, foram adotadas ações preventivas e estratégicas antes que a situação se agrave. Entre as medidas que devem ser adotadas estão:
- Levantamentos de prejuízo na agricultura.
- Elaboração de planos de emergência para assistência às famílias afetadas.
- Ações preventivas contra queimadas, em parceria com o Corpo de Bombeiros.
- Campanhas educativas para orientar sobre o desperdício de água.
Também existem orientações importantes a população durante esse período:
- Não provocar queimadas, nem mesmo de pequenos lixos domésticos;
- Economizar água e evitar desperdício;
- Evitar exposição ao sol nas horas mais quentes do dia
- Se hidratar.
Além do impacto no abastecimento de água e na produção rural, a estiagem prolongada já causa outros transtornos, como aumento da temperatura e dificuldade de navegação nos rios. Outro reflexo visível é a grande quantidade de lixo exposta nas margens do Rio Acre.
Fonte:G1 Acre