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Amazônia concentra quase metade dos conflitos no campo em 40 anos

A Amazônia é o epicentro da violência no campo brasileiro, segundo revela o recém-lançado Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro (2024), produzido pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). De 1985 a 2023, a região concentrou 44% dos 50.950 conflitos registrados no país. Desse total, a maioria está relacionada a disputas por terra (84%), seguida por casos de trabalho escravo (8,9%) e conflitos por água (7,1%).


Desde 2008, a Amazônia passou a registrar mais da metade dos conflitos agrários a cada ano, chegando a 57% dos casos em 2016. A expansão do agronegócio e da mineração — muitas vezes sobre terras públicas e devolutas — é apontada como principal fator da intensificação dos conflitos, resultando em expropriações de indígenas, quilombolas e comunidades camponesas.


Todos os dez municípios mais conflituosos do país estão na Amazônia Legal. O Pará lidera com sete cidades na lista, incluindo Marabá (548 conflitos), São Félix do Xingu (394) e Altamira (288). Completam o ranking as capitais Rio Branco (AC), Porto Velho (RO) e Macapá (AP).


Entre os 5.570 municípios brasileiros, 2.969 (53,3%) registraram ao menos uma disputa por terra nos últimos 38 anos. Na Amazônia, a reação violenta contra ocupações e posses responde por mais de 60% dos casos, enquanto ações promovidas por movimentos sociais correspondem a 22%, incluindo ocupações, acampamentos e manifestações.


Das 2.008 mortes ocorridas em conflitos no campo entre 1985 e 2023, 66,8% aconteceram na Amazônia. O estado do Pará aparece como o mais violento: lidera em número de assassinatos (612), tentativas de homicídio (420) e ameaças de morte (1.597). A região também concentra a maior parte dos massacres — quando três ou mais pessoas são assassinadas em um mesmo episódio. No total, foram 50 massacres na Amazônia, resultando em 259 mortes, sendo 125 delas no Pará.


Atlas é referência nacional sobre conflitos no campo


O Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro foi lançado durante o 5º Congresso Nacional da CPT, realizado em São Luís (MA), como parte das comemorações dos 50 anos da entidade. A publicação foi elaborada em parceria com universidades como a UERJ e a UFF, com base nos dados sistematizados pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc/CPT), ativo desde 1985.


A obra confirma que a Amazônia não é apenas uma fronteira de expansão econômica, mas também o principal território da disputa por terra e da violação de direitos no campo brasileiro.


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