Na sexta noite da Expoacre 2025, em entrevista ao ac24horas, o secretário de Educação do Estado, Aberson Carvalho, trouxe nesta quinta-feira, 31, uma atualização detalhada sobre o maior concurso público já realizado na história da educação acreana. Com 57 mil inscritos e mais de 3 mil vagas, o certame está em fase de finalização.
Durante a entrevista, o gestor também falou sobre os desafios logísticos, orçamentários e sociais para garantir o acesso à educação em regiões de difícil acesso no Acre.
“Hoje nós estamos na seguinte condição: estamos buscando que a gente possa publicar o resultado final, a consolidação dele, agora no final do mês de setembro. Toda essa esfera vai ser já consolidada. E temos todo um trabalho voltado para que, em janeiro de 2026, façamos as convocações de 500 profissionais do administrativo e 2.500 professores. 2 mil de regentes, que vão diretamente para a sala de aula, e 500 são bivalentes, que são professores da educação especial, mas que também podem assumir a regência. Pela primeira vez na história também, nós temos o concurso público efetivo para a educação especial. Era algo que não tinha no nosso plano de carreira, não se comportava, e a gente conseguiu trazer essa nova realidade”, explicou.
Segundo o gestor, o concurso da Educação realizado neste ano ajuda na diminuição de um índice negativo que é de ter 70% de professores temporários na rede estadual. “A gente busca essa correção com esse maior concurso da história. Foi um concurso que teve seus contratempos, e a gente tem a consciência deles, mas é de uma dimensão que não tem igual. Quando você tem mais de 50 mil inscritos, você tem a realização das provas numa dinâmica multidisciplinarz de diversas áreas, tornando o maior concurso da história do Acre. E não tenho dúvida que envolve um conjunto de fatores que a gente quer vencer. Tenho certeza que agora, em setembro, consolidamos o resultado final. Vai andar e vamos convocar em janeiro”, ressaltou.

Foto: Jardy Lopes
Ao ser questionado sobre estratégias para garantir o ensino em um território com tantos desafios geográficos e sociais, o secretário ressaltou o trabalho de toda a equipe da Educação.
“Nesse primeiro momento, buscamos consolidar a garantia do Estado presente com o professor. Não dá para a gente fazer uma equiparação entre um aluno que estudou aqui na cidade e outro que está a três horas de barco da sua casa dentro da floresta. São educações distintas, mas com a presença do Estado, ele possui uma educação mínima”, destacou.
“Hoje, nós temos diversas aprovações em universidades federais, tanto no Acre quanto fora. A educação mostra qualidade quando ela oferece uma estrutura com laboratórios, equipamentos que antes só víamos na universidade. Na minha época, não existia microscópio, nem pipeta, a gente só lia teoria. Hoje, 100% das escolas de ensino médio têm laboratórios”, justificou.

Foto: Jardy Lopes
Sobre os impactos das mudanças climáticas na educação, Aberson destacou o planejamento da Educação para atender às mudanças. “Nós fazemos dois, três calendários dependendo da região. Tenho escolas que só funcionam no inverno porque é o único período em que os rios permitem o transporte. Outras só funcionam no verão, quando as estradas estão acessíveis. Ano passado, por exemplo, interrompemos as aulas cerca de cinco vezes por conta da fumaça. Isso impacta o calendário, as viagens das famílias e a rotina escolar. Hoje, não temos nenhuma escola parada, mas estamos atentos porque esse verão pode se estender até novembro”, destacou.
Ao falar sobre o custo de manter escolas em regiões isoladas, ele não escondeu a realidade orçamentária. “Temos um déficit de quase R$ 54 milhões nessas escolas descentralizadas. São 3 mil alunos em salas de 5 a 20 estudantes, com um custo operacional muito maior do que o que é repassado. Mas se não levarmos o Estado para lá, essas comunidades não terão o poder público presente. A educação é a única instituição pública que chega a todos os lugares. É uma escolha que foi feita lá atrás. Antigamente, as famílias tiravam os filhos do campo para estudar na cidade, o que gerou favelas, violência e abandono escolar. Descentralizar é garantir que a criança estude dentro de sua cultura e comunidade”, finalizou.
Assista à entrevista: