Sem data de retorno, candidatura de Eduardo Bolsonaro é incerta e movimenta articulações

Deputado Eduardo Bolsonaro em discurso na Câmara dos Deputados - Foto: Najara Araujo/CD

Se antes a vaga do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) para concorrer ao Senado por São Paulo era certeza na direita e a incógnita pairava apenas sobre o escolhido do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para representar a coligação no segundo posto da disputa, agora nem o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro escapa de especulações sobre o seu destino.


Aliados já calculam quem poderia ocupar o seu lugar diante de uma possível permanência nos Estados Unidos — ele ainda não tem data para voltar — e de uma eventual desistência. O parlamentar se tornou alvo de inquérito da Polícia Federal que apura atuação contra autoridades do Judiciário no exterior.


A candidatura de Eduardo é defendida pelo pai, que diz ter direito a uma indicação conforme acordo com Tarcísio. Em maio, o governador deu mostras de que indicaria para a chapa o secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite, que trocou o PL pelo PP mirando o Senado, afunilando as tratativas. O acordo ainda traria por tabela o União Brasil, com quem o novo partido do secretário deve formar uma “superfederação” para o próximo ano.


A situação de Eduardo, contudo, leva dúvidas a políticos com trânsito no Palácio dos Bandeirantes. Alguns deles, sob reserva, avaliam que a ausência do deputado no pleito embaralharia novamente o jogo, abrindo espaço para Tarcísio negociar mais uma vaga com o grupo político que pretende reunir PL, Republicanos, PSD e MDB no próximo ano. Esses partidos, assim como União e Progressistas, contam com bancadas expressivas no Congresso, o que lhes garante acesso a recursos dos fundos eleitoral e partidário e minutagem de propaganda em rádio e TV.


Há algumas semanas, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que Eduardo voltaria ao Brasil após quatro meses de licença da Câmara. O pedido de afastamento começou a contar em 20 de março e, portanto, o retorno é esperado até o fim de julho. Por outro lado, há quem entenda que Eduardo poderia disputar o Senado mesmo fora do Brasil, considerando que a lei exige domicílio eleitoral, e não residência efetiva.


— Acho difícil a condução, no exterior, de uma campanha eleitoral, pois abrirá brechas jurídicas e políticas para contestações. Outro aspecto é em relação a debates, participação em eventos, entre outros compromissos inerentes às disputas majoritárias como as do Senado, além das prestações de contas — avalia o cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.


Diferentes cenários

De todo modo, interlocutores ponderam que ainda é cedo para definições e que o fato de Bolsonaro se colocar como candidato, mesmo inelegível, deixando Tarcísio, um possível nome da direita na disputa pela Presidência, na fila de espera, inviabiliza qualquer acordo agora. Uma fonte menciona, por exemplo, a possibilidade de a sucessão de Tarcísio em São Paulo, caso ele opte brigar pelo Planalto, servir para enfraquecer Lula e o PT em nível nacional, uma vez que ele pode atrair alguma legenda que hoje ocupa a Esplanada.


A candidatura ao governo é alvo de cobiça de políticos como o secretário de governo, Gilberto Kassab (PSD), o prefeito Ricardo Nunes (MDB), e o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL). Além deles, o atual vice-governador, Felício Ramuth (PSD), e até o ex-governador Rodrigo Garcia, que está sem partido, mas se aproximou do MDB, poderiam aparecer nas urnas, na avaliação de alguns políticos experientes.


Além de Eduardo e Derrite, o deputado federal Ricardo Salles (Novo) é outro político de direita com planos de disputar o governo ou o Senado, embora ele esteja isolado.


Na esquerda, uma ala do PT avalia lançar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao governo ou ao Senado, mas ele já disse que não pretende ser candidato. Outros políticos do partido entendem que uma candidatura mais ao centro teria mais chances de desbancar o bolsonarismo em São Paulo.


Nesse sentido, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador do estado por três vezes, seria uma boa opção, principalmente pelo recall no interior. O PSB, porém, pressiona pela manutenção da chapa vitoriosa com Lula e acena com a candidatura do ministro do Empreendedorismo, Márcio França, que assumiu o cargo de governador no lugar de Alckmin e perdeu para João Doria, em 2018.


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