Produtores rurais relatam perseguição e impacto psicológico: ‘sofrimento demais’

Durante a manhã desta terça-feira (17), enquanto a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) realiza mais uma sessão, produtores rurais de diversas regiões do estado se reunem em frente ao parlamento para protestar contra o que chamam de perseguição e abandono por parte do poder público.


Entre os manifestantes está Luiz Lazari, produtor rural de Manoel Urbano. Ele denuncia o impacto das ações de fiscalização ambiental, após operações recentes, como a deflagrada pelo ICMBio na Reserva Extrativista Chico Mendes.“Pra gente que trabalha na área rural tem sido muito difícil, visto que nós estamos passando por momentos de muita pressão, muita perseguição e pouca orientação pelo Estado. Na verdade, nós estamos largados nos ramais. Não temos estrada, não temos acesso pra tirar o que a gente pode produzir”, relata Luiz.


Segundo ele, o problema não é a fiscalização em si, mas a falta de estrutura para se regularizar. “Não é o problema fiscalizar, a gente trabalha e tem a consciência da fiscalização, o problema é que nós não temos documentos de terra. Nós estamos em terra que era alocada pelo INCRA e nunca conseguimos um documento. Eu estou desde 2013 em cima de uma terra e não tenho um papel.”


O produtor conta que sofreu embargo em uma área de 100 hectares após realizar desmate sem autorização, ainda que tenha tentado obter as licenças necessárias. “Procurei, mas como não tenho documento da terra, precisava do CCR do INCRA e também não me forneceram. É assim que a gente tem passado essa perseguição, na verdade, estão tomando o que é nosso.”


Luiz Lazari também cobrou ação dos representantes políticos do Acre. “A gente veio aqui para reivindicar diante dos nossos políticos, os que nos representam. Nós temos aí o governador do Estado que podia dar um apoio pra gente. A agricultura e a pecuária são a raiz de tudo. Sem agricultura e sem a pecuária não tem comércio, não tem indústria”, defendeu.


Ele ainda fez um alerta sobre as consequências econômicas e sociais das ações ambientais que, segundo ele, não consideram a realidade dos trabalhadores do campo. “Hoje estão recebendo dinheiro de fora pra nos reprimir. Eu quero saber amanhã, quando conseguir quebrar todo mundo, quem é que vai manter o Estado, quem é que vai manter o funcionalismo, quem é que vai manter se não é o Acre, se não é a pecuária, o comércio e a indústria?”, pontuou. “Cara, você imagina, você passa a vida inteira trabalhando, é sofrida a nossa vida no ramal. Não tem estrada. Aí é só no cavalo, no burro, é a pé. E não é perto: tem 15 km, 20 km de ramal. Tem um sofrimento grande.”


O produtor também mencionou casos de depressão entre produtores. “Tem gente que até se mata, tá? Tem suicídio que tá acontecendo aí, e o Estado não tá sabendo — ou não tá sabendo ou não tá ligando. Tenho amigo meu que se suicidou por causa de dívida, por causa de repressão. Depois que o nome vai pro embargo, você não consegue mais nada. Perde o crédito todo.”


“O sentimento é triste. É um sentimento assim, não tem nem como explicar. Tem hora que dá vontade de chorar”, concluiu o produtor.


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