O produtor rural José Augusto Pinheiro, presidente da Associação dos Pequenos e Médios Produtores Rurais da Transacreana, fez um apelo nesta quinta-feira, 12, em meio ao aumento das tensões envolvendo embargos ambientais na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes e em outras regiões rurais do Acre, como a Transacreana. As declarações foram dadas ao ac24horas Play.
Os produtores têm se mobilizado para buscar soluções políticas e técnicas que evitem prejuízos irreversíveis. Segundo ele, cerca de 300 produtores da região da Transacreana já foram notificados e automaticamente embargados, o que gerou grande preocupação na comunidade local.
“Estão todos apavorados com essa situação. O Acre, na questão de reserva, incluindo cidade, lagos, rios e igarapés, já tem 14,7% de seu território preservado. O estado está dentro dos 20% exigidos, o que é um absurdo”, pontuou.
Para José Augusto, o problema exige uma revisão da legislação ambiental no Congresso Nacional, visando tornar a atividade produtiva mais compatível com a realidade amazônica. “A região amazônica precisa de um trabalho no parlamento brasileiro para melhorar a área produtiva. Esse estado é subdesenvolvido pela questão de amarração ambiental”, ressaltou.
Ele destacou que muitos produtores têm áreas consolidadas há décadas, com uso anterior a 2008, e alertou para o risco de perdas patrimoniais injustas. “Tem gente que recebeu a propriedade dos pais, dos avós e hoje está nessa situação. Tem muita gente nervosa, com medo de perder o que tem. A saída é pela política, é o Ibama entendendo que precisa fazer um trabalho com mais calma e mais tranquilidade”, pontuou.
José defendeu uma ação conjunta entre governo estadual, órgãos ambientais e produtores. “Precisamos envolver o Estado, a Secretaria de Meio Ambiente, o Imac, o Ibama, para repassar esses problemas e buscar soluções. O Parlamento precisa cuidar da legalização e da mudança do Código Florestal. Quem fez, fez; quem vai abrir, tem que se adequar à nova realidade”, relatou.
Ao comentar sobre as fiscalizações na Resex Chico Mendes, o líder rural reforçou que a maioria dos produtores não consegue sobreviver apenas com os recursos da floresta, pela falta de apoio público. “Como não tem acesso, infraestrutura, assistência técnica, a maioria partiu para a pecuária. E pecuária, você não faz sem abrir. E abriram dentro da reserva. Isso foge das regras, é fato, mas está muito pesado para os produtores”, salientou.
“Chegar retirando o produtor rural… Isso é bem bom demais. Se tivesse uma ponte, ele ia pra debaixo da ponte. Como não tem ponte, ele está nu, ao relento. Prendem os animais, os bens, travam CPF, contas de banco, sem nem um chapéu para ele botar na cabeça. Isso não pode”, acrescentou.
Por fim, José Augusto Pinheiro fez um apelo por bom senso e diálogo, e alertou para as consequências econômicas do atual cenário. “Precisamos rediscutir isso e avaliar se é uma ação benéfica ou se vai prejudicar as famílias e o estado do Acre. Se continuar assim, o estado vai inclinar, porque já é pequeno na produção. O pouco que tem é o agronegócio, que representa 27% do PIB. E esse PIB precisa crescer, não diminuir”, finalizou.