cedimp otimizado ezgif.com gif to avif converter

PF aponta Bolsonaro e Carlos como líderes de núcleo estratégico da “Abin paralela”

Carlos Bolsonaro - Renan Olaz/CMRJ

O relatório final da Polícia Federal (PF) sobre a atuação clandestina dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), integravam o núcleo estratégico da organização criminosa instalada na instituição durante o último governo.


O documento, entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), aponta que os dois estavam entre as figuras de alto escalão que compunham o centro decisório da operação.


Esse núcleo, segundo a PF, era responsável por definir as diretrizes estratégicas da organização criminosa, determinar os alvos — entre eles opositores políticos, instituições públicas e o próprio sistema eleitoral — e colher os benefícios políticos das ações.


Estrutura paralela de inteligência servia a fins políticos

A investigação da PF revelou que uma organização de “alta potencialidade ofensiva” operou de forma sistemática e clandestina no interior da Abin, utilizando recursos humanos, tecnológicos e financeiros do Estado para finalidades políticas ilegais. O esquema, segundo o relatório, desviava a finalidade institucional da agência e operava à margem da legalidade.


A estrutura contava com servidores da própria Abin e com policiais federais cedidos à agência, que aderiram à lógica da organização criminosa. O grupo teria atuado na espionagem de adversários, produção de dossiês e uso indevido de sistemas de monitoramento geoespacial.


Carlos Bolsonaro participava da definição de alvos, diz PF

A PF afirma que Carlos Bolsonaro não apenas tinha conhecimento das operações ilegais como participava ativamente da definição de alvos e estratégias. O núcleo comandado por ele e por Jair Bolsonaro seria o principal destinatário das “vantagens” indevidas do esquema, sobretudo no campo político.


Além da tentativa de desestabilizar adversários e criar narrativas de ameaça institucional, o grupo teria buscado minar a credibilidade de órgãos do Judiciário e das forças democráticas, segundo os investigadores.


Uso da hierarquia e dissimulação institucional

O relatório detalha ainda como os altos gestores da Abin à época se aproveitaram da estrutura hierárquica da agência para mascarar as ações ilegais sob aparente legalidade.


Comandantes internos determinavam as ações a subordinados, muitas vezes por vias informais, e ocultavam a verdadeira finalidade das ordens emitidas.


A PF destaca que o uso reiterado da estrutura estatal para fins ilícitos configura grave violação ao Estado Democrático de Direito. Um dos objetivos centrais da organização, segundo o documento, era garantir a permanência de Jair Bolsonaro no poder, inclusive por meios que configurariam ruptura institucional.


Indiciamento e próximos passos

Carlos Bolsonaro já foi formalmente indiciado pela PF por sua suposta participação no esquema. O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes no STF, que agora deve decidir se transforma os indiciamentos em denúncias criminais, após manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR).


O caso se soma a outros inquéritos em curso contra aliados próximos do ex-presidente, incluindo o que apura a trama golpista de 2022 e o uso de dados falsos para atacar as urnas eletrônicas.


Compartilhar

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Últimas Notícias