Manejo de pastagem precário é problema crônico no Acre

Cerca de um terço das pastagens do Acre tem manejo inadequado, com taxa de ocupação acima do ponto ideal. A constatação foi feita pelos pesquisadores da Embrapa Carlos Maurício Soares de Andrade, Vitor Hugo Maués Macêdo e Maykel Franklin Lima Sales.


Eles verificaram o problema, em um universo de 246 propriedades nos Vales do Acre e no município de Sena Madureira. Essas duas regiões abarcam mais de 80% das propriedades agrícolas acreanas. O estudo realizado pelos pesquisadores será apresentado nos dias 25 e 26 de junho na Ufac, durante o 1º Simpósio sobre Pecuária de Cria no Acre.


“Não fazer um bom manejo gera uma série de fatores negativos”, afirmou Carlos Soares de Andrade, um dos pesquisadores que assina o trabalho. O animal não terá uma alimentação adequada e isso compromete o que os técnicos chamam de “score corporal”. Outro fator negativo é que o bezerro vai sair da desmama mais leve. Isso pode provocar um animal adulto com a carcaça com desenvolvimento comprometido. “No fim do processo, aumentam os custos de produção”.


81,3% das propriedade de pecuária de cria usam o pastejo rotacionado e a maior parte divide o pasto entre duas e 10 divisões

A percepção de que o investimento na pastagem guarda relação com a lucratividade ao fim do processo exige formação. Dito de outra forma: isso exige Educação. Esse é outro gargalo grave na pecuária de cria do Acre. O produtor tem baixa ou nenhuma escolaridade.


O estudo revela que 75% dos produtores não têm controle das finanças da propriedade. Isso não significa, obrigatoriamente, que 3 em cada 4 estejam endividados. Mas indica que os gastos da propriedade são realizados sem planejamento. A decisão ocorre sem que um cronograma seja seguido.


Tanto isso é verdade que os pesquisadores constataram que nenhum criador calcula indicadores técnicos de desempenho do rebanho de recria, nas propriedades que estendem o ciclo. É uma pecuária que apresenta os resultados sem muito controle por parte do criador.


Diversidade _  Um aspecto positivo na pecuária de cria é a diversidade da pastagem. Depois do susto ocorrido nas décadas de 1990 e 2000, quando o Acre enfrentou uma séria crise de degradação de pastagens (a maior parte dos produtores só usava o brizantão ou braquiarão), os produtores seguiram as orientações da Embrapa. E deu certo.


Atualmente, o estudo mostra que apenas 6,1% dos criadores insistem em usar apenas um tipo de capim na pastagem. A maior parte ou planta três tipos (29,3%) ou planta 4 tipos (26,8%). Cinco tipos de capim nas pastagens são plantados por 12,2% dos produtores. Plantam 6 tipos 2,8% e 1,6% dos produtores plantam 7 tipos de capim.
“As pequenas propriedades de cria têm enfrentado maior dificuldade para investir na reforma de suas pastagens degradadas, de modo que esse processo de substituição ainda levará muitos anos para ser concluído”, assinala o estudo da Embrapa.


Leguminosas _ Outro fator positivo é que 21% das propriedades usam leguminosas. Isso é fundamental para fixação do nitrogênio no solo. De acordo com o estudo, 13,8% das fazendas  de cria utilizam a puerária como leguminosa forrageira; 6,1% usam o amendoim forrageiro e 2% usam o calopogônio. “Essa leguminosa, de ocorrência espontânea nas pastagens do Acre, possui boa capacidade de fixação biológica de nitrogênio e tem seu uso recomendado pela pesquisa por contribuir para a manutenção da disponibilidade de nitrogênio no solo da pastagem, importante para sua produtividade”, afirma a pesquisa, lembrando estudo do professor Judson Valentim, também da Embrapa.


 


 


 


 


 


Fonte: ac24Agro


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