A febre dos bonecos Labubu, figuras colecionáveis de visual peculiar, tem sido usada como isca por golpistas digitais para aplicar fraudes em consumidores. Criminosos criaram sites falsos em português que imitam o visual de lojas oficiais e prometem a venda de versões importadas do Japão, tudo com o objetivo de roubar informações bancárias.
O golpe explora a alta demanda pelos bonecos, impulsionada por celebridades como Rihanna, Kim Kardashian e Dua Lipa, que ajudaram a popularizar o personagem criado em 2015 pelo artista Kasing Lung. Um dos artifícios mais comuns é anunciar descontos chamativos: em um dos sites, o Labubu é oferecido por R$ 47,90, com promessa de entrega rápida.
Estratégia global de fraude digital
A estratégia dos golpistas não se limita ao Brasil. A Kaspersky identificou páginas semelhantes em francês, espanhol e húngaro, com textos elaborados, imagens de alta qualidade e até narrativas sobre a história da criação dos bonecos. Muitos desses sites falsos se passam por distribuidores como a Pop Mart, fabricante oficial dos produtos.
Por não haver venda oficial no Brasil, os Labubu só podem ser adquiridos via importação. Em plataformas como Shopee, AliExpress e Magazine Luiza, os preços variam entre R$ 140 e R$ 1.500, podendo ultrapassar R$ 5 mil em versões raras. Já o mercado informal oferece alternativas genéricas — chamadas “Lafufu” — por valores entre R$ 65 e R$ 250, principalmente na rua 25 de Março, em São Paulo.
O atrativo das coleções está no formato “blind box”, em que o consumidor não sabe qual versão está comprando. Isso estimula a compra recorrente e impulsiona o valor de mercado: modelos raros são vendidos por até US$ 3 mil (cerca de R$ 16.200).
Ansiedade dos colecionadores vira brecha para crimes
De acordo com a Kaspersky, a ansiedade dos fãs para completar a coleção aumenta a vulnerabilidade a golpes. Os sites fraudulentos usam técnicas de engenharia social, como selos de autenticidade falsos, contagens regressivas, promoções relâmpago e alertas de “últimas unidades”.
Anúncios patrocinados em redes sociais também ampliam o alcance das fraudes. Muitos consumidores, atraídos por preços baixos e pela promessa de exclusividade, acabam fornecendo dados pessoais e bancários em páginas clonadas ou não verificadas.
A recomendação dos especialistas é não confiar em preços muito abaixo do mercado, verificar cuidadosamente o endereço eletrônico (URL) e buscar sempre os canais oficiais da fabricante. Sites com erros ortográficos, aparência amadora ou nomes desconhecidos devem ser evitados.
Além disso, o uso de softwares de segurança com bloqueadores de sites maliciosos e alertas antifraude pode ajudar a evitar prejuízos. Em caso de suspeita, o ideal é não inserir nenhum dado — seja de cartão de crédito, CPF ou e-mail.