O representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que tratou sobre rastreabilidade em encontro realizado na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre apresentou uma concepção estritamente técnica ao processo.
Praticamente sepultou a possibilidade de haver qualquer entendimento de ordem política ou de dissociação da rastreabilidade às questões socioambientais. A referência da CNA tem foco nas exigências do mercado. Sobretudo no mercado internacional, a rastreabilidade é um fato e uma regra já consolidada.
“Atualmente, trabalhamos com identificação por lotes, mas o plano vai nos permitir rastrear cada animal de forma individual, do nascimento ao abate. Isso representa um salto enorme em termos de sanidade e credibilidade”, explicou o assessor técnico da CNA, Rafael Ribeiro de Lima Filho.
Ele ressaltou que o Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (PNIB) é um avanço para a pecuária brasileira e que será implementado em quatro etapas ao longo de oito anos.
O início aconteceu agora em 2025 e a conclusão está prevista para dezembro de 2032. As duas primeiras fases serão dedicadas ao desenvolvimento do sistema informatizado e à integração com os órgãos estaduais de defesa agropecuária.
Isso tudo está acontecendo aqui no Acre também, incluindo a parte da defesa agropecuária. Duas coisas não estão acontecendo: a agilidade na revisão dos embargos ambientais e nem a regularização fundiária no ritmo que a contagem regressiva até dezembro de 2032 exige. A partir de 2027, a identificação individual obrigatória será exigida em animais envolvidos em protocolos sanitários específicos, expandindo-se até abranger todo o rebanho nacional.
Uma parte dos pecuaristas do Acre já está plenamente inserida nesse processo defendido inclusive pela CNA. Mas a maioria não está. A maior parte dos produtores que trabalham com a pecuária de cria tem problemas tanto com a regularização fundiária quanto com embargos.
Esse contexto pode, nos próximos cinco anos, construir um cenário que vai excluir mais ainda o pequeno produtor acreano. Com conhecimento, informação e capital, o grande pecuarista pode se planejar para dominar a cadeia integral da produção: da cria à finalização. Esse movimento é possível de acontecer.
O cenário deveria acender um sinal de extrema urgência diretamente no Gabinete Civil do Governo do Acre. A crise é de estrutura. A crise é da base da pecuária acreana. A situação é de extrema gravidade porque impacta diretamente milhares de famílias que não têm condições financeiras de reagir e de construir alternativas.
Fonte: ac24Agro