Bolsonaro pede desculpas a Moraes por acusações de corrupção no STF

Interrogatórios dos réus da Ação Penal (AP) 2668 Jair Messias Bolsonaro Foto: Gustavo Moreno/STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) foi palco nesta terça-feira (10) de um confronto direto entre Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes durante o interrogatório do ex-presidente na ação penal da trama golpista. Bolsonaro, sexto réu a depor na ação que envolve 31 pessoas, foi obrigado a pedir desculpas ao ministro por acusações graves de corrupção feitas em 2022.


O caso investiga uma suposta conspiração para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de outubro de 2022. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta Bolsonaro como figura central da trama, que teria envolvido militares de alta patente e autoridades do governo federal.


Acusações sem provas contra ministros

O momento mais tenso do interrogatório ocorreu quando Moraes confrontou Bolsonaro sobre declarações feitas em reunião ministerial de 7 de julho de 2022. Na ocasião, o então presidente afirmou aos ministros presentes que Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin estariam recebendo “trinta, cinquenta milhões de dólares” para descumprir a lei.


Pressionado pelo relator, Bolsonaro admitiu não ter qualquer indício que sustentasse as graves acusações. “Não tenho indícios, foi um desabafo”, declarou o ex-presidente, numa tentativa de minimizar o impacto de suas palavras. Em seguida, foi obrigado a pedir desculpas diretamente a Moraes pelas acusações infundadas.


O episódio ilustra o padrão de comportamento de Bolsonaro durante sua presidência, quando frequentemente fazia acusações graves contra ministros do STF sem apresentar qualquer evidência que as sustentasse.


Embate sobre fraudes eleitorais

Bolsonaro tentou manter sua retórica sobre supostas fraudes eleitorais, argumentando que suas manifestações estariam baseadas em relatórios técnicos. O ex-presidente sugeriu que a própria existência da ação penal seria prova de que havia dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral de 2022.


A estratégia foi imediatamente rebatida por Moraes, que foi categórico: “Não existe nenhum indício de fraude às urnas e essa ação não tem absolutamente nada relativo a isso”. O ministro deixou claro que o processo investiga uma tentativa de golpe de Estado, não questões relacionadas ao sistema eletrônico de votação.


A troca de declarações evidenciou o abismo entre a narrativa defendida por Bolsonaro e os fatos apurados pela investigação. Enquanto o ex-presidente insiste em questionar a legitimidade das eleições, a Justiça investiga suas tentativas de impedir a posse do presidente eleito.


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