A publicitária brasileira Juliana Marins, de 26 anos, não resistiu à espera pelo resgate. A jovem foi encontrada morta nesta terça-feira no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia, após cair em uma ribanceira e permanecer presa por quatro dias em uma encosta de difícil acesso, sem água, comida ou abrigo. A informação foi confirmada pela família, por meio das redes sociais, por volta das 11h desta terça-feira.
A seguir, veja a cronologia completa do caso e o drama vivido pela niteroiense desde o acidente.
Sexta-feira, 20 de junho, 19h – Queda no abismo
O acidente aconteceu por volta das 19h (horário de Brasília) da última sexta-feira (já madrugada de sábado pelo horário local, 11h à frente). Segundo autoridades locais, a jovem caiu cerca de 300 metros abaixo da trilha, perto do ponto mais alto da montanha, que tem mais de 3 mil metros de altitude. Horas depois, um grupo de turistas chegou ao local e conseguiu localizar a publicitária com a ajuda de um drone. De acordo com relatos, a jovem estava presa em uma fresta de pedra e com dificuldade de locomoção. Ela vestia calça jeans, camiseta, luvas e tênis, mas estava sem agasalho e sem óculos (ela tem cinco graus de miopia). Os familiares tomaram conhecimento do ocorrido por meio de uma rede social, e a niteroiense foi reconhecida por uma irmã, devido à roupa que usava e ao rosto nas imagens.
Em uma postagem nas redes sociais, Mariana Marins, irmã de Juliana, deu detalhes sobre a queda da jovem na trilha. Segundo ela, a publicitária saiu com um grupo de cinco pessoas e um guia local. O grupo já estava no segundo dia de trilha quando a brasileira disse que estava cansada para continuar. Segundo o relato de Mariana, o guia teria dito “então descansa” e seguido viagem, mas ele nega.
Sexta-feira, 20 de junho, por volta das 22h – Família é avisada
A família foi informada aproximadamente três horas após o ocorrido. Um grupo de turistas espanhóis que também participava da trilha encontrou o perfil de Juliana em uma rede social e começou a enviar mensagens para diversas pessoas até localizar uma amiga das irmãs. A partir desse contato, a comunicação passou a ser feita por WhatsApp, com o envio de fotos e vídeos do local que ajudaram a confirmar a identidade da vítima.
Sábado, 21 de junho, 4h30 – Socorristas chegam
Os primeiros socorristas chegaram à região na madrugada de sábado, por volta das 4h30 (14h30 no horário local), mas não conseguiram resgatá-la. Uma equipe chegou a alcançá-la para oferecer comida e água. A embaixada brasileira na Indonésia informou que o resgate precisou ser adiado devido ao mau tempo, à baixa visibilidade e ao terreno extremamente íngreme. O comunicado foi repassado à família da jovem.
Mariana Marins, irmã de Juliana, disse que os montanhistas encarregados do salvamento estavam a pelo menos uma hora de distância do ponto crítico na manhã de sábado. Havia a expectativa, segundo ela, de que o resgate começasse às 20h daquele dia, no horário de Brasília (6h na Indonésia). A parente contou que a irmã estava “na beirada do precipício” e que, com a chuva, a situação se agravou.
— Depois de cair, ela ainda deslizou cerca de 300 metros montanha abaixo — contou Mariana.
Sábado, 21 de junho, 17h10 – Jovem deixa de ser avistada
A última vez que a jovem foi vista na região foi por volta das 17h10, também no horário de Brasília, segundo informações passadas por Mariana. Após o acidente, Juliana não fez contato direto com a família por falta de sinal. As informações chegaram ao Brasil por meio de um grupo de turistas que também fazia a trilha e conseguiu acionar pessoas próximas à vítima por meio de uma rede social, enviando mensagens para inúmeras pessoas após encontrarem o perfil dela. A princípio, a trilha duraria de 20 a 22 de junho, por três dias e duas noites. Ela fazia um mochilão pela região desde fevereiro deste ano e já passou por países como Filipinas, Tailândia e Vietnã.
Domingo, 22 de junho, madrugada – Novas buscas
A embaixada brasileira na Indonésia, localizada na capital Jacarta, confirmou ao Globo que equipes de resgate reiniciaram a operação de busca pela brasileira. No entanto, Mariana Marins, irmã da vítima, negou que o resgate tenha sido reiniciado, pois a situação climática piorou muito no local, que seria “muito inóspito”.
Domingo, 22 de junho, fim da manhã – Buscas interrompidas
No fim da manhã de domingo (início da noite na Indonésia), familiares da publicitária informaram que as buscas haviam sido oficialmente suspensas devido às condições climáticas adversas do local, com muita neblina.
Segunda-feira, 23 de junho, madrugada – Buscas prosseguem
Representantes diplomáticos do Brasil na Indonésia informaram à família que o trabalho de resgate foi retomado. O embaixador que falou com a família informou que um drone térmico, capaz de captar o calor do corpo, foi utilizado nas buscas. O Ministério das Relações Exteriores divulgou a informação por meio de nota. Segundo o governo federal, dois funcionários da embaixada se deslocaram para o local para acompanhar pessoalmente o processo.
“Equipes da Agência de Busca e Salvamento da Indonésia iniciaram há pouco o terceiro dia do esforço de resgate de turista brasileira no Monte Rinjani (3.726 metros de altura), vulcão localizado na ilha de Lombok, a cerca de 1.200 km de Jacarta. De acordo com informações recebidas pela equipe, a turista teria caído de um penhasco que circunda a trilha junto à cratera do vulcão”, diz a nota.
Segunda-feira, 23 de junho, 5h – Buscas interrompidas
A família de Juliana Marins informou que a jovem foi novamente localizada pela equipe de resgate na madrugada desta segunda-feira. O local, segundo a família, é “extremamente severo”, com obstáculos que dificultam o acesso. Apesar disso, as buscas precisaram ser interrompidas às 16h (5h em Brasília) devido às condições climáticas, segundo os parentes.
Em postagem no Instagram, parentes da jovem criticaram o trabalho dos socorristas:
“Um dia inteiro e eles avançaram apenas 250 metros abaixo, faltavam 350 metros para chegar na Juliana e eles recuaram mais uma vez! Mais um dia!”, lamentaram.
Segunda-feira, 23 de junho, 11h36 – Equipe é reforçada
A página no Instagram criada para atualizar os dados sobre o caso (@resgatejulianamarins) informou que dois montanhistas experientes da região estavam a caminho do local do acidente, com equipamentos especializados para apoiar as equipes. Autoridades da Indonésia detalharam como localizaram a brasileira. Postagem no Instagram oficial do Parque Nacional Gunung Rinjani aponta que a publicitária foi monitorada “com sucesso por um drone” e permanece presa em um penhasco rochoso a uma profundidade de cerca de 500 metros, “visualmente imóvel”.
Terça-feira, 24 de junho, 4h30 – Planos de resgate
Publicação da página no Instagram @resgatejulianamarins informa a existência de três planos de resgate em vigor, além de confirmar a impossibilidade de seguir com o helicóptero devido às condições climáticas do local. A família informou também que a operação de resgate havia sido retomada às 6h (horário local).
Terça-feira, 24 de junho, por volta de 6h – Fechamento de trilha
O Parque Nacional de Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia, suspendeu temporariamente nesta terça-feira o acesso de turistas às trilhas do Monte Rinjani para concentrar todos os esforços no resgate da brasileira. A medida emergencial busca garantir maior agilidade e segurança à operação, que mobiliza seis equipes de resgate e dois helicópteros prontos para decolagem, caso as condições climáticas permitam.
Terça-feira, 24 de junho, por volta de 11h – Família confirma a morte
Por meio do perfil oficial criado no Instagram pela família para noticiar o caso, os familiares publicaram uma nota informando a morte de Juliana Marins:
“Hoje, a equipe de resgate conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava. Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido”, diz o texto.