cedimp otimizado ezgif.com gif to avif converter

Usava abadá, aplaudia comida: como detalhes bobos viram motivo de término

Imagem: iStock

Falta de diálogo, ciúmes e insegurança são motivos conhecidos —e óbvios— para o fim de um relacionamento.


No entanto, justificativas aparentemente inofensivas, como não cortar as unhas do pé, também são usadas pra terminar relações.


Nas redes sociais, postagens em que mulheres e homens expõem os fins mais “sem sentido” de suas relações viralizaram nas últimas semanas.


Aplaudia a comida quando o prato chegava no restaurante.


Toda vez que chegava na casa dela, ela estava de abadá.


Pedi para comprar um perfume e ele trouxe amostra grátis.


Ele não sabia que Bethânia era irmã de Caetano.


Usava um mocassim azul para todas as ocasiões.


Usava camiseta para dentro da calça jeans.


Paciência e tolerância


A percepção de quem estuda o tema e lida com casais em crise é de que essas pequenas coisas são apenas a gota que faz um copo cheio d’água transbordar.


“O que parecem ser questões bobas são substitutos para questões mais profundas. O problema, nos relacionamentos, é sempre uma questão de desconexão emocional e comunicação insegura”, avalia a terapeuta Julie Menanno, escrito do livro Amor Seguro (Fontanar), do grupo Companhia das Letras.


Há uma correlação positiva entre desconexão e dor, que resulta tanto do desinteresse quanto do conflito. Aqueles que experimentam mais desconexão sentirão mais dor e, sem maneiras saudáveis de encontrar alívio, tomarão as medidas mais drásticas para escapar.
Julie Menanno


Isso tem a ver com as pessoas estarem menos tolerantes em suas relações. “Hoje, as pessoas têm menos capacidade de paciência e tolerância ao estresse do que no passado”, completa Menanno.


Isso é reflexo do mundo que estamos vivendo, em que as soluções são rapidamente apresentadas. “Nossos telefones fazem exatamente o que queremos quando queremos e, quando falham, podemos trocá-los em questão de horas.”


A tolerância pelas imperfeições dos outros, a paciência pelo processo de crescimento e a capacidade de se engajar em comunicação recíproca exigem paciência e a habilidade de tolerar o estresse.
Julie Menanno


Discussões fazem parte


Segundo ela, hoje as pessoas estão enfrentando menos situações que as forçam a desenvolver essas qualidades, que são importantes para a relação. Um outro agravante é a comparação com o que vemos nas redes sociais, que acaba nos deixando inseguros.


Claro que todos os casais discutirão por ‘razões bobas’ de tempos em tempos, mas casais fortes conseguem reconhecer e lidar com a questão mais profunda em jogo.
Julie Menanno


A terapeuta destaca que casais com sintomas mais óbvios, como traições, costumam progredir mais rápido na terapia de casal porque o problema subjacente é mais brando. Ao contrário dos casais de “brigas bobas”, em que o buraco é mais embaixo.


Para Julie, a origem dessas brigas pode ser tanto do desinteresse ou do conflito se acumulando. “Altos níveis de qualquer um deles derrubam um relacionamento”, acrescenta a terapeuta.


E a solução está em desvendar e curar os problemas pessoais e de relacionamento que estão na raiz deste estado de desconexão. “O casal precisa entender os significados emocionais e de apego em torno do conflito superficial e trivial.”


Compartilhar

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Últimas Notícias