O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a abertura de um inquérito para investigar o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por sua atuação nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras.
O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está licenciado do mandato desde fevereiro e permanece em solo americano. Ele alega ser vítima de perseguição e de supostas violações de direitos por parte da Corte.
Na mesma decisão, Moraes determinou que Jair Bolsonaro seja ouvido pela Polícia Federal para explicar o papel do filho nas articulações internacionais e esclarecer declarações públicas em que admite financiar a estadia de Eduardo no exterior. O depoimento pode ser decisivo para avaliar se há conexão direta entre as ações do deputado e a tentativa de interferência externa em processos judiciais brasileiros.
O inquérito foi vinculado a duas investigações já sob relatoria de Moraes: o inquérito das fake news e a ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado, na qual o ex-presidente Bolsonaro é réu. Segundo a PGR, postagens em redes sociais e declarações à imprensa internacional indicam que Eduardo atua para pressionar o governo dos Estados Unidos a impor sanções contra autoridades brasileiras, entre elas o próprio Moraes.
“As evidências conduzem à ilação de que a busca por sanções internacionais a membros do Poder Judiciário visa interferir no andamento regular dos procedimentos criminais em curso”, afirmou o procurador-geral Paulo Gonet.
Antes de decidir pela abertura formal da investigação, Moraes já havia retirado o sigilo do pedido da PGR, o que aumentou a visibilidade pública do caso e elevou a tensão política.
A medida do Supremo ocorre em meio a movimentações do bolsonarismo nos Estados Unidos, onde aliados do ex-presidente tentam construir uma narrativa de perseguição política e buscar apoio junto a parlamentares republicanos, como o senador Marco Rubio, defensor de sanções contra Moraes.
A escalada do conflito institucional tem potencial para gerar repercussões diplomáticas caso as sanções se concretizem, além de desdobramentos internos, com possíveis impactos no debate político em torno da sucessão presidencial de 2026.
