Morador do Castelo Branco critica mudança do Centro: “vai virar a Cracolândia”

Tales Felipe, morador do bairro Castelo Branco desde 2017 - Foto: David Medeiros

A transferência do Centro POP, serviço de atendimento a pessoas em situação de rua, da região central de Rio Branco para o bairro Castelo Branco tem gerado polêmica e mobilizado moradores e organizações sociais. Durante audiência pública realizada nesta quinta-feira, 29, na Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), representantes da comunidade, de movimentos sociais e autoridades expuseram seus posicionamentos sobre a decisão da prefeitura.


Em entrevista ao repórter do ac24horas Play, David Medeiros, Tales Felipe, morador do bairro Castelo Branco desde 2017, afirmou que a comunidade foi surpreendida com a decisão, sem qualquer consulta prévia.


“Viemos aqui hoje através dessa audiência, já que o poder municipal não chegou a ir até nós, ouvirmos a população, os moradores daquele bairro, procurando dar força ao nosso movimento. Como eu disse lá, é uma mudança repentina”, criticou.


Segundo ele, além da falta de diálogo, há preocupações estruturais com o imóvel escolhido no bairro Castelo Branco. “A casa apresenta problemas estruturais, fica a menos de um quilômetro da margem do rio Acre, num barranco. A casa tem movimentação de solo, apresenta estruturas de rachaduras. Não sabemos se tem alvará do bombeiro, se teve fiscalização, se há saídas de emergência. Hoje qualquer comerciante pequeno de Rio Branco que vai abrir seu próprio negócio enfrenta uma burocracia muito grande. Então, antes de trazer esse debate, a gente quer saber primeiro a situação da casa, que não foi passada nada pra gente”, pontuou.


Tales também truxe para a discussão uma preocupação com a ausência de uma política de saúde associada ao acolhimento. “Antes de se tratar do acolhimento da assistência social, tem que ser tratado a saúde pública. Hoje, inclusive, nessa audiência, não tivemos nenhum representante da saúde pública, do SUS, dos poderes de saúde. Não há um debate para a desintoxicação dessas pessoas”, questionou.


O morador afirmou que, embora haja discursos sobre ressocialização, faltam respostas concretas. “É muito falado no papel pelo secretário Marcos Luz, do projeto lindo, do projeto bonito, que está no papel de ressocialização, mas como ressocializar sem desintoxicar antes? Isso não é falado pelos políticos, nem pelos agentes públicos, nem pelos secretários”, criticou.


O morador também mencionou uma preocupação antiga da comunidade com um terreno abandonado no bairro, que já foi usado por uma associação no cuidado com moradores em situação de rua. “Quando a Jocum passou por lá, ficaram alguns remanescentes, e nesse terreno vivem moradores de rua. Vários dias na semana, a gente sente o cheiro deles queimando fio de cobre. A gente entende que eles também fazem uso dos entorpecentes. Se na Jocum, que eram pouco mais de 20 pessoas, já era difícil, imagina trazendo o Centro POP com mais de 600 pessoas, o que é que não vai virar aquilo dali? Ainda não é uma Cracolândia, mas ali é um potencial enorme de virar uma Cracolândia devido à extensão do terreno e ao abandono”, alertou.



Compartilhar

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Últimas Notícias