O policial federal Wladimir Soares disse em um áudio obtido pela Polícia Federal (PF) que o almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, tinha apoiado plano de golpe de Estado no Brasil. E que a Marinha apoiou “100%”.
“Exatamente. Garnier foi o único, cara. O único. A Marinha desde o começo foi a única que apoiou 100%. O resto tirou o corpo”, disse a um contato não identificado.
Os áudios foram periciados pela PF e incluídos no processo que tem relatoria do Supremo Tribunal Federal nessa quarta-feira (14).
Em fevereiro, a PF já havia revelado a existência dos áudios. Em um deles, o agente da PF diz que “estavam com Moraes [ministro] na mira”.
A PF aponta que Wladimir era um agente infiltrado na segurança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e fazia parte de um plano de assassinato para matar Lula, o vice Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O agente da PF foi preso em novembro do ano passado. De acordo com a investigação, Wladimir Soares forneceu detalhes estratégicos sobre o esquema de segurança de Lula. Para a PF, seria parte do plano de morte.
Garnier virou réu no processo de plano de golpe de Estado em março deste ano. Segundo a Procuradoria-Geral da República, o almirante foi um dos signatários da nota em defesa dos acampamentos em frente a quarteis do Exército, depois da derrota de Jair Bolsonaro na eleição. Foi citado, na delação premiada de Mauro Cid, como tendo disposição para participar de um golpe de Estado.
A CNN procurou a defesa de Almir Garnier para comentar o áudio e aguarda retorno. A Marinha ainda não se posicionou, mas no ano passado já se manifestou contra qualquer plano de golpe no país.