Até a última segunda-feira, 12, a Stanley’s Hair, rede com 32 unidades no Brasil, além de filiais nos Estados Unidos (Orlando) e no Paraguai, que tem o acreano Stanley Bittar como dono, era considerada uma das maiores referências no setor de transplante capilar e estética médica. No entanto, como revelou o jornalista Fabiano Moraes, do Estado de Minas, a empresa vive atualmente seu momento mais delicado.
Diversas unidades amanheceram com comunicados afixados nas portas informando o encerramento das atividades, pegando de surpresa clientes e colaboradores, que não receberam explicações claras.
“Informamos o encerramento das atividades da Stanley’s Hair neste endereço. Solicitamos que entre em contato com a central para reagendamentos e maiores esclarecimentos. Contamos com sua colaboração e compreensão de todos. Contato: 0800.500.2515″, relatou um aviso em frente a franquia.
Nas últimas semanas, mais de 100 colaboradores foram demitidos. A reportagem de Fabiano Moraes revela ainda que diretores e executivos da alta gestão se desligaram voluntariamente ou foram desligados após divergências com o CEO da empresa, Stanley Bittar, que é natural do Acre. Saíram o diretor financeiro (CFO), o diretor jurídico, o diretor médico, o diretor-geral da rede e o diretor comercial.
“A gestão tornou-se insustentável. Não havia espaço para diálogo, apenas imposições”, declarou um ex-diretor, sob condição de anonimato.
Segundo fontes ouvidas pelo colunista do Estado de Minas, a crise foi desencadeada pela ausência de repasses de dividendos a sócios por mais de quatro trimestres consecutivos, mesmo com unidades que faturaram mais de R$ 10 milhões apenas em 2024.
Profissionais médicos romperam com o CEO, alegando decisões unilaterais, falta de transparência e ausência de governança.
“A conta não fecha. Produzimos, geramos resultados, investimos em estrutura, construímos reputação e não vimos retorno. Isso não é sociedade, é exploração”, desabafou um dos ex-sócios.
O empresário acreano, Stanley Bittar, por trás da Stanley’s Hair já esteve envolvido em outras polêmicas no setor. De acordo com a apuração de Fabiano Moraes, ele foi responsável por uma rede de clínicas médicas desativada por decisão judicial, que ainda acumula dezenas de processos trabalhistas.
Nos bastidores, apesar da imagem de sucesso nas redes sociais, a rotina era marcada por promessas não cumpridas, reuniões desmarcadas e total ausência de prestação de contas.
“Sem governança, não existe futuro sustentável”, pontuou outro ex-sócio ouvido pela coluna.
Com a saída de diretores e sócios que também atuavam no dia a dia das clínicas, o funcionamento da rede está comprometido. Especialistas ouvidos pela reportagem apontam risco iminente de desvalorização da marca, pulverização da rede e uma avalanche de processos judiciais por parte de clientes e investidores.
Ex-franqueados planejam criar novas clínicas com foco em gestão ética, participativa e transparente.
“Falar de gratidão nas redes é fácil. Difícil é praticar respeito e profissionalismo com quem construiu o sucesso ao seu lado”, criticou um antigo parceiro.
Enquanto isso, clientes que já haviam pago por procedimentos seguem sem informações claras sobre reembolsos ou reagendamentos. Embora a empresa oriente o contato com a central de atendimento, advogados e ex-sócios recomendam que os consumidores acionem judicialmente a holding e o CEO.
“Nos colocamos à disposição para colaborar no que for possível. Mas a responsabilidade legal é da holding e do CEO”, declarou um ex-franqueado ao Estado de Minas.
