França planeja presídio de segurança máxima na Amazônia para isolar chefes do tráfico

A França vai construir uma prisão de segurança máxima na Guiana Francesa, seu território ultramarino na Amazônia, visando isolar chefes de organizações de tráfico de drogas e radicais islâmicos. A instalação será erguida em Saint-Laurent-du-Maroni, município fronteiriço com o Brasil e o Suriname, considerado estratégico por ser rota frequente de tráfico internacional de drogas.


O projeto, estimado em US$ 450 milhões (R$ 2,5 bilhões), prevê a construção de uma unidade com capacidade para 500 detentos. A previsão é que o presídio seja inaugurado em 2028, após mais de uma década de planejamento — a obra foi anunciada em 2017, mas só agora avança para a fase de execução.


A decisão tem gerado protestos entre moradores e autoridades locais, que criticam a falta de diálogo com a população e a escolha simbólica do local. A nova penitenciária será construída nas proximidades do antigo Campo Penal de Saint-Laurent-du-Maroni, colônia penal que funcionou por quase um século e ficou famosa por abrigar prisioneiros políticos, incluindo os enviados à Ilha do Diabo. O local inspirou o livro autobiográfico Papillon, de Henri Charrière, adaptado para o cinema em 1973 e 2017.


O ministro francês da Justiça, Gérald Darmanin, justificou a localização do novo presídio como estratégica para “isolar permanentemente os chefes das redes de tráfico de drogas”. A região de Saint-Laurent é considerada um dos principais pontos de origem do transporte de cocaína rumo à França metropolitana, por meio do aeroporto de Orly, em Paris.


A Guiana Francesa registra a maior taxa de homicídios entre os territórios franceses, com 20,6 assassinatos por 100 mil habitantes em 2023 — quase 14 vezes a média nacional. A nova unidade prisional visa conter o avanço da criminalidade e a atuação de facções ligadas ao narcotráfico e ao extremismo religioso.


Apesar do objetivo de reforçar a segurança nacional, o projeto enfrenta críticas por reviver a memória do passado colonial e penal francês na região. Líderes locais afirmam que a medida pode aprofundar a marginalização do território, em vez de enfrentá-la com políticas de desenvolvimento social e econômico.


 


 


 


 


com informações da BBC)


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