O dólar fechou a sexta-feira com alta firme e novamente acima dos R$5,70, em sintonia com o avanço da moeda norte-americana no exterior após novos atritos comerciais entre Estados Unidos e China, em sessão marcada ainda pela disputa no Brasil pela formação da taxa Ptax de fim de mês.
Além de temores fiscais internos, preocupações com a disputa comercial sino-americana também impactaram moeda no exterior. Hoje, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alegou que a China violou “totalmente” o acordo com os americanos sobre tarifas.
O dia ainda contou com o fechamento da taxa Ptax para o mês. Calculada pelo BC com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros tentam direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições.
Qual a cotação do dólar hoje?
O dólar à vista fechou em alta de 0,96%, aos R$5,7205. Na semana, a divisa acumulou elevação de 1,30% e, no mês, avanço de 0,78%.
Às 17h05, na B3, o dólar para julho — que passou a ser o mais líquido nesta sexta-feira — subia 0,83%, aos R$5,7530.
Dólar comercial
- Compra: R$ 5,720
- Venda: R$ 5,720
Dólar turismo
- Venda: R$ 5,678
- Compra: R$ 5,858
O que aconteceu com dólar hoje?
Os movimentos do real nesta sessão tiveram como pano de fundo a força modesta da divisa norte-americana no exterior, com os mercados globais avaliando novos dados do indicador preferido de inflação do Federal Reserve e notícias que aumentaram as incertezas sobre as tarifas do presidente Donald Trump.
O governo norte-americano informou que seu índice PCE subiu 0,1% na base mensal em abril, ante estabilidade no mês anterior. Nos 12 meses até abril, o indicador desacelerou para 2,1%, de um ganho de 2,3% março. Os números vieram praticamente em linha com o esperado.
As surpresas do dia vieram do noticiário sobre a política comercial dos EUA. Um tribunal federal de apelações decidiu restabelecer na quinta-feira as tarifas de Trump que tinham sido bloqueadas por um corte de comércio no dia anterior, reforçando o que deve ser uma longa batalha judicial.
Na quarta-feira, a Corte de Comércio Internacional impediu a implementação das taxas anunciadas por Trump em 2 de abril com a alegação de que o presidente teria excedido sua autoridade, uma vez que estaria presente sobre uma prerrogativa do Congresso.
Em outro desenvolvimento, Trump acusou a China de estar violando um acordo neste mês entre as duas maiores economias do mundo para reduzir suas tarifas por 90 dias, gerando mais incertezas sobre o futuro das disputas comerciais dos EUA com os parceiros.
“Há uma leitura de que a Casa Branca está determinada a aplicar essas tarifas, então mesmo que a ordem judicial sobreviva a todos os recursos no futuro, há uma percepção de que a Casa Branca utilizaria outros mecanismos legais para aplicar essas taxas”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Em meio ao impasse, o Fed manteve as taxas de juros inalteradas, e os dados de inflação desta manhã fortaleceram apostas de operadores de que um corte na taxa deve ocorrer somente em setembro.
Na cena doméstica, o mercado nacional analisou dados do PIB do Brasil para o primeiro trimestre, que também vieram em linha com o esperado. O IBGE informou que a economia cresceu 1,4% no período de janeiro a março em relação aos três meses anteriores.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2024, o PIB teve expansão de 2,9%, contra expectativa de 3,2% em pesquisa da Reuters nessa base de comparação.
A agropecuária, com peso de cerca de 6,5% na economia, foi a principal responsável pela expansão da atividade econômica nos três primeiros meses do ano, com crescimento de 12,2% em relação ao quarto trimestre.
O resultado mantinha em torno de 90% as apostas de que o Banco Central pausará seus contratos financeiros em junho, mantendo a taxa Selic em 14,75% ao ano, após a alta de 0,5 ponto percentual realizada neste mês.