O dólar à vista caía frente ao real nesta quinta-feira (29), refletindo a reação dos investidores a dados econômicos do Brasil e do exterior, além da decisão de um tribunal dos Estados Unidos que bloqueou a maioria das tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump.
Durante a sessão, a moeda chegou a R$ 5,64.
A moeda acelerou a queda após a divulgação de indicadores norte-americanos, como o Produto Interno Bruto (PIB), inflação PCE, e os pedidos de auxílio-desemprego, que reforçaram a percepção de resiliência da economia dos EUA. Esses dados aumentam a probabilidade de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) manter a política monetária inalterada por um período prolongado. Ainda assim, persiste um ambiente de cautela em relação à situação fiscal dos Estados Unidos.
Qual a cotação do dólar hoje?
Às 15h24, o dólar à vista caía 0,71%, a R$ 5,654 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,02%, a 5.691.
Na quarta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,87%, a R$ 5,6956.
Dólar comercial
- • Compra: R$ 5,654
- • Venda: R$ 5,655
Dólar turismo
- • Venda: R$ 5,849
- • Compra: R$ 5,669
O que aconteceu com dólar hoje?
Os movimentos do real nesta sessão tiveram como pano de fundo um maior apetite por risco nos mercados globais, depois que a Corte de Comércio Internacional, sediada em Manhattan, bloqueou as tarifas anunciadas por Trump em 2 de abril, em uma derrota para a política comercial do presidente dos EUA.
Um corte afirmou que a Constituição dos EUA fornece ao Congresso autoridade exclusiva para regular o comércio com outros países, que não é anulada pelos poderes emergenciais do presidente para proteger a economia norte-americana.
Dessa forma, o tribunal invalidou, com efeito imediato, todas as ordens de Trump sobre tarifas desde janeiro que se basearam na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, prevista para lidar com ameaças “incomuns e extraordinárias” durante uma emergência nacional.
A Casa Branca disse que estava apresentando um recurso para retirar a decisão.
“A decisão do tribunal de derrubar as tarifas de Trump é mais do que apenas um leve obstáculo”, disse Brian Jacobsen, economista-chefe da Annex Wealth Management, à Reuters. “Embora o presidente Trump possa recorrer da decisão ou tentar contorná-la, essas opções são limitadas e podem acabar dando o mesmo resultado. Os mercados de ações gostaram da decisão.”
O anúncio da decisão veio como um rompimento para os investidores, que demonstraram receitas de que as tarifas de Trump podem provocar um aumento da inflação global e uma recessão em vários países.
Entretanto, as tarifas sobre produtos específicos — como aço, alumínio e automóveis — seguem em vigor e a decisão faz um pouco para evitar as incertezas comerciais, já que o governo Trump pode explorar outros meios legais para importar suas tarifas abrangentes.
“Os mercados ao redor do mundo mostram uma visão positiva após a decisão do tribunal… Hoje o apetite por risco deve tomar conta do jogo”, disse Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisões — caiu 0,75%, para 99,640.
Na frente de dados, o governo norte-americano informou que a economia do país contraiu a uma taxa anualizada de 0,2% no primeiro trimestre do ano, em resultado um pouco melhor do que a estimativa inicial de retração de 0,3%.
Na cena doméstica, o mercado nacional acompanha o contínuo impasse sobre os aumentos das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciados pelo governo na semana passada, com um resgate parcial horas depois.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na quarta-feira que, neste momento, não há alternativa ao decreto que aumentou o IOF para garantir o cumprimento dos compromissos fiscais deste ano.
Nesta quinta, no entanto, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse em publicação no X que o “clima é para derrubado” da medida na Casa, acrescentando que combinou que “a equipe econômica tem 10 dias para apresentar um plano alternativo”.
Já a taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,6% no trimestre encerrado em abril, segundo o IBGE, abaixo dos 7% do trimestre anterior, dos 7,5% do mesmo período de 2024 e do piso das projeções do mercado (de 6,7% a 7,1%). A renda média real do trabalhador atingiu R$ 3.426, com alta de 3,2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
(Com Reuters e Estadão)