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Dólar cai a R$ 5,64 após subir mais de 1%, em ajustes depois de mudança do IOF

Notas de dólar (Ilustração: Jose Luis Gonzalez/Reuters)

Após chegar a subir mais de 1% pela manhã, o dólar à vista reverteu os ganhos e fechou a sexta-feira em leve baixa ante o real, em uma sessão marcada por ajustes técnicos após o governo Lula voltar atrás em relação a parte das medidas de aumento de IOF em operações cambiais.


O recuo do dólar no Brasil também foi ajudado pelo cenário externo, onde a moeda norte-americana recuava ante a maior parte das demais divisas após novas ameaças tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump, contra a União Europeia.


Qual a cotação do dólar hoje?

O dólar à vista fechou em leve baixa de 0,24%, aos R$5,6473. Na semana, a divisa acumulou queda de 0,38%.


Às 17h10 na B3 o dólar para junho — atualmente o mais líquido — cedia 1,93%, aos R$5,6520.


Dólar comercial


Dólar turismo


Venda: R$ 5,684


Compra: R$ 5,864


O que aconteceu com dólar hoje?

Após fechar em alta de 0,35% na véspera, aos R$ 5,6611, com investidores reagindo negativamente à notícia de aumento do IOF, a divisa americana subia forte ante o real nesta sexta.


O governo anunciou na tarde de quinta-feira elevações do IOF com impacto sobre empresas, operações de câmbio e previdência privada, com previsão de arrecadação de R$20,5 bilhões em 2025 e R$41 bilhões em 2026, medida que, ao lado de uma contenção das despesas orçamentárias também anunciada na quinta, contribuiria para o cumprimento da meta fiscal de déficit zero neste ano.


Durante a noite, entretanto, o governo recuou de parte das medidas anunciadas, em mudança que deve reduzir o ganho de arrecadação em aproximadamente R$6 bilhões até 2026. Um novo decreto foi publicado na manhã desta sexta-feira no Diário Oficial da União.


Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a revisão pontual se deu para evitar “especulações” sobre uma inibição de investimentos ou outras mensagens que divergissem do objetivo do governo.


“Nós entendemos que, pelas informações recebidas, valia a pena fazer uma revisão desse item para evitar especulações sobre objetivos que não são próprios da Fazenda nem do governo, de inibir investimento fora, não tinha nada a ver com isso”, afirmou mais cedo em pronunciamento à imprensa.


De acordo com analista ouvido pela Reuters, a reação negativa do mercado ao anúncio, que pressionava o real nesta sessão, tem relação com a comunicação da medida, e não necessariamente com o conteúdo em si após os recuos.


O governo fez o anúncio no mesmo dia que divulgou o bloqueio de R$31,3 bilhões em despesas de ministérios a fim de garantir o cumprimento da meta de déficit zero e das regras do arcabouço fiscal.


“O governo encarou de frente uma questão difícil, relacionada ao ajuste fiscal, e sabemos da dificuldade e do desgaste político para isso. Novamente, por uma falha na estratégia de comunicação, o que era para ser bom ficou ruim”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.


“Impressão nossa era que inviabilizaria o câmbio no varejo. Então, o mercado digeriu muito mal isso. Esse aumento de IOF soou como desespero e o mercado interpretou como uma tentativa de controle excessivo sobre saída de dólares do país”, completou.


Para Bergallo, a “correção de rota foi absolutamente bem vinda”.


“Existe um fator adicional, que é para você passar para o investidor, em especial para o investidor estrangeiro, a mensagem que algumas alíquotas fiscais podem ser alteradas do dia para noite em uma canetada. Isso traz uma insegurança institucional e jurídica enorme para o país, desincentiva o investimento e enfraquece mais a nossa economia, que nesse momento precisaria estar mais aquecida para ajudar a reduzir esse problema fiscal que temos hoje no país”, destaca Roger Amarante, CFO da S8 Capital.


No cenário externo, as tensões comerciais voltavam à tona após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar mais cedo que seu governo pode impor tarifa de 25% sobre a Apple para iPhones vendidos mas não fabricados no país e que recomendou uma taxa de 50% sobre a União Europeia a partir de 1º de junho.


A política comercial dos EUA tem sido o grande fator para a tomada de decisões de investidores neste ano, com analistas temendo que as altas taxas de Trump sobre alguns dos principais parceiros comerciais possam provocar uma recessão global.


As preocupações fiscais com a maior economia do mundo também continuam no radar, após a Câmara dos Deputados dos EUA aprovar na véspera uma legislação tributária que pode acrescentar trilhões de dólares à dívida do país.


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