O dólar interrompeu sequência de três altas consecutivas e fechou a quinta-feira pós-Copom em baixa firme, superior a 1%, reagindo a fatores como o avanço das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de prazos curtos, a perspectiva de acordo comercial entre EUA e alguns de seus principais parceiros e o fluxo de recursos estrangeiros para a bolsa brasileira.
Qual a cotação do dólar hoje?
A moeda norte-americana à vista fechou em queda de 1,44%, aos R$5,6620. No ano, a divisa acumula baixa de 8,37%.
Às 17h08 na B3 o dólar para junho — atualmente o mais líquido — cedia 1,31%, aos R$5,6955.
Dólar comercial
- • Compra: R$ 5,662
- • Venda: R$ 5,662
Dólar turismo
- • Compra: R$ 5,739
- • Venda: R$ 5,919
O que aconteceu com dólar hoje?
O real operava em alta nesta sessão, refletindo o maior apetite por risco nos mercados globais após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que anunciará ainda hoje um acordo tarifário com o Reino Unido — o primeiro desde o início de sua série de negociações comerciais com parceiros internacionais.
Trump, que concederá uma coletiva de imprensa às 11h (horário de Brasília), classificou o acordo como “completo e abrangente” e afirmou que ele “consolidará o relacionamento entre EUA e Reino Unido por muitos anos”.
A notícia reforçou o otimismo cauteloso dos mercados em relação à política comercial norte-americana. Na terça-feira, autoridades dos EUA e da China confirmaram que se reunirão neste fim de semana na Suíça com o objetivo de aliviar as tensões tarifárias.
Os mercados globais vinham sofrendo volatilidade desde 2 de abril, quando Trump anunciou um amplo pacote de tarifas — no chamado “Dia da Libertação”. Uma semana depois, o governo norte-americano concedeu uma pausa de 90 dias para a maioria das tarifas, mantendo, no entanto, as sanções sobre a China.
“O real está… refletindo o ambiente de maior otimismo e apetite por risco no mercado internacional, principalmente pela expectativa em torno da coletiva da Casa Branca sobre o acordo comercial com o Reino Unido”, afirmou Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX. “Isso tem alimentado a esperança de que as tensões comerciais comecem a se dissipar, abrindo espaço para novos acordos”, completou.
Na véspera, o mercado também reagiu à decisão do Federal Reserve, que manteve os juros inalterados e sinalizou preocupação com a inflação e o desemprego em meio às incertezas geradas pelas políticas tarifárias. Em coletiva após a reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou que o banco central não tem pressa em reduzir os juros novamente, preferindo aguardar os efeitos das medidas adotadas pelo governo Trump.
No cenário doméstico, os investidores também repercutiam a decisão do Banco Central brasileiro, que elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano, deixando em aberto os próximos passos da política monetária. Embora sem um “forward guidance” claro, o BC indicou que manterá juros elevados por um período prolongado, diante de expectativas desancoradas, inflação persistente, atividade econômica resiliente e pressões no mercado de trabalho.
Para Mattos, esse posicionamento mais duro da autoridade monetária brasileira reforça o diferencial de juros entre o Brasil e economias desenvolvidas, como os EUA, favorecendo a valorização do real.
“O Copom sinalizou uma política mais restritiva, o que tende a manter o diferencial de juros elevado e, com isso, atrair capital estrangeiro. Essa dinâmica pode seguir pressionando o dólar para baixo”, avaliou.
No front de dados, o IBGE informou mais cedo que os preços ao produtor recuaram em março pelo segundo mês consecutivo, puxados principalmente pela queda nos preços dos alimentos.