O Vaticano entra em clima de decisão com o início, nesta quarta-feira (7), do conclave que escolherá o 267º papa da Igreja Católica. As cerimônias começam logo às 5h (horário de Brasília), com a tradicional missa votiva Pro Eligendo Romano Pontifice, celebrada na Basílica de São Pedro. A liturgia reúne todos os cardeais eleitores — 133 ao todo — e é dedicada a pedir orientação divina para a escolha do novo pontífice.
Às 11h30 (de Brasília), os cardeais se reúnem na Capela Paulina para rezar a Ladainha de Todos os Santos e seguem em procissão até a Capela Sistina. Lá, prestam juramento de fidelidade ao processo e de absoluto sigilo. Com a ordem extra omnes — que determina a saída de todos os não envolvidos na eleição — é dado início ao período mais reservado e simbólico da Igreja: o conclave. O cardeal Raniero Cantalamessa, pregador oficial da Casa Pontifícia, fará uma breve meditação antes da primeira votação, ainda nesta quarta.
Desde o último sábado (3), o Vaticano intensificou os preparativos. A Capela Sistina foi equipada com piso provisório, um fogareiro para incinerar os votos e a chaminé por onde a fumaça — preta ou branca — anunciará ao mundo o resultado de cada rodada. A visitação à capela, famosa pelos afrescos de Michelangelo, está suspensa durante todo o processo.
A partir de quinta-feira (8), os cardeais passarão a votar quatro vezes por dia — duas pela manhã e duas à tarde. Para que um nome seja eleito, são necessários dois terços dos votos: ao menos 89. Ao final de cada rodada, as cédulas são queimadas. A cor da fumaça indica o desfecho: preta, se não houve decisão; branca, se há um novo papa.
Se não houver eleição até o domingo (11), o conclave pode ser temporariamente suspenso para oração e conversas informais entre os eleitores. O processo pode se estender por até 10 dias de votações, com pausas a cada sete rodadas. A partir da 33ª ou 34ª votação, caso nenhum nome tenha sido escolhido, os dois cardeais mais votados disputam uma espécie de segundo turno — mas a exigência de 2/3 dos votos permanece.
A última eleição papal, em 2013, levou dois dias e cinco votações até que Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, fosse eleito e se tornasse o Papa Francisco — o primeiro latino-americano e jesuíta a ocupar o trono de São Pedro. A eleição mais longa da história durou quase três anos, entre 1268 e 1271.
Agora, com a morte de Francisco, a Igreja volta seus olhos à Capela Sistina, aguardando o momento em que se ouvirá o anúncio: “Habemus Papam”.