Na tarde da última quarta-feira (28), dois moradores de Cruzeiro do Sul foram vítimas de linhas com cerol e chilena, em incidentes distintos ocorridos em diferentes bairros da cidade. Os casos, registrados quase simultaneamente, reacendem o alerta sobre os perigos da prática ilegal e perigosa do uso de linhas cortantes em pipas.
A primeira ocorrência envolveu Sebastião, de 56 anos, que foi atingido por uma linha com cerol enquanto caminhava pela Avenida Lauro Muller, no bairro João Alves — uma das principais vias da cidade. A linha solta ficou estendida na via, representando risco a todos que passavam.
Minutos depois, no centro da cidade, no bairro da Baixa, o jovem Luiz Felipe Oliveira do Nascimento, de 19 anos, também foi vítima do cerol enquanto realizava sua última entrega do dia como entregador de moto. O rapaz sofreu um corte na garganta e ferimentos graves nos dedos ao tentar se defender da linha chilena.
“Quando senti pegando na garganta, tentei parar com a mão, mas cortei todos os dedos. Era linha chilena, parecia um fio. Só consegui me salvar porque ando com um canivete e consegui cortar a linha”, relatou Luiz, ainda abalado.
Apesar do susto, o entregador conseguiu evitar consequências mais graves. Ele afirma que o trauma psicológico permanece. “Isso acontece direto aqui. Não sou o primeiro e nem vou ser o último. Sempre tem linha no meio da estrada, principalmente no fim de semana”, lamenta.
A empresa onde Luiz trabalha informou que está tomando providências para equipar os funcionários com protetores de pescoço, mas o medo entre os trabalhadores é constante. “Saí pra trabalhar e poderia não ter voltado. Minha mãe poderia ter me recebido de outro jeito”, desabafou o jovem.
Os dois casos acenderam um alerta nas autoridades locais, que reforçam a necessidade de fiscalização mais rigorosa e campanhas de conscientização. O uso de cerol e linha chilena é proibido por lei e pode gerar consequências criminais para quem fabrica, vende ou utiliza esse tipo de material.
A Polícia Militar e os órgãos de trânsito do Acre pedem que a população denuncie práticas perigosas como essa. As linhas cortantes não colocam em risco apenas motociclistas, mas também pedestres, ciclistas e demais cidadãos.
Denúncia e Prevenção
Em nota, a Polícia Militar reforçou que ações de fiscalização estão sendo intensificadas em áreas onde há maior incidência de soltura de pipas. A população pode denunciar de forma anônima pelo telefone 190 ou pelo aplicativo da PM.
Autoridades destacam que o lazer deve ser praticado com responsabilidade, sem colocar vidas em risco. O uso de cerol pode transformar uma brincadeira comum em uma tragédia — como quase aconteceu em Cruzeiro do Sul.