Dois cães em situação de maus-tratos foram encontrados em uma residência pertencente a servidores públicos do município, provocando revolta e mobilização popular. As imagens dos animais, visivelmente debilitados e abandonados, circularam nas redes sociais e causaram forte comoção entre os moradores da cidade.
A denúncia chegou até o grupo de proteção animal Patinhas Felizes, que acionou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e o Ministério Público. No entanto, segundo os ativistas, nenhuma medida emergencial foi tomada de imediato. A atuação só ocorreu após pressão popular e a intervenção de parlamentares locais, que exigiram uma apuração dos fatos.
O resgate dos cães, que aparentavam sinais claros de negligência, trouxe à tona questionamentos sobre a condução do caso pelas autoridades. A situação ganhou novos contornos de indignação quando, poucos dias após o resgate, a tutora dos animais — também servidora pública — recebeu autorização para reaver os cães. A medida foi duramente criticada por protetores e por parte da população, que considera a decisão um retrocesso e um risco à integridade dos animais.
“Como é possível que esses cães retornem ao local onde foram negligenciados?”, questionou uma integrante do grupo Patinhas Felizes. Além do estado de saúde dos animais, o caso também chama atenção pelo fato de os tutores possuírem plenas condições financeiras de prover os cuidados necessários, o que intensificou os debates sobre responsabilidade, impunidade e a aplicação da lei.
Casos de maus-tratos a animais têm se tornado recorrentes em Cruzeiro do Sul, e a população local cobra ações efetivas de fiscalização e punição. De acordo com a Lei nº 9.605/1998, maltratar animais é crime, sujeito à detenção e multa. Em casos que envolvem cães e gatos, a Lei nº 14.064/2020 agrava a pena, prevendo reclusão de dois a cinco anos, além de multa e a proibição da guarda dos animais.
Diante da repercussão, uma reunião entre autoridades e representantes de entidades de proteção animal deve ocorrer nos próximos dias para discutir os desdobramentos do caso e cobrar providências. Enquanto isso, cresce o apelo popular por justiça e políticas públicas mais rigorosas na defesa dos direitos dos animais.