Viúva de Toniquim emociona em velório: “eu não era o 1º amor dele, era a bola”

Foto: Whidy Melo

O velório do presidente da Federação de Futebol do Acre (FFAC), Antônio Aquino Lopes, o Toniquim, reuniu dezenas de pessoas entre esta quarta-feira e quinta-feira, 16 e 17, em Rio Branco (AC). Em meio às homenagens de amigos, dirigentes e representantes de oito federações estaduais de futebol, além de um decreto de luto oficial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), quem mais tocou os presentes foi o depoimento emocionado de Maria Rosélia Marques Lopes, viúva de Toniquim e sua companheira por mais de cinco décadas.


Em entrevista ao ac24horas Play na madrugada desta quinta-feira, 17, a professora Rosélia Marques destacou o legado e a dedicação de Toniquim com o futebol acreano.


“Olha, se eu disser que não esperava, estaria mentindo. Eu acompanho o Toniquim nessas viagens e vejo que ele é muito querido, não só aqui em Rio Branco, como fora daqui. Mas o que eu vi aqui hoje, nesse velório do meu marido, é uma coisa, para mim, inusitada. Eu não esperava essa multidão de pessoas”, disse Rosélia.


Visivelmente abalada, ela ressaltou o carinho demonstrado pelas pessoas que foram prestar a última homenagem: “Os que vieram aqui, com certeza, são os que têm muita consideração por ele. Então, eu fiquei muito surpresa com a quantidade de pessoas que eu presenciei aqui ontem nesse velório. E hoje, talvez, seja igual na hora da despedida dele”, pontuou.


Toniquim comandou a federação por décadas, e segundo Rosélia, deixou não só um legado esportivo, mas também um patrimônio concreto para o futebol acreano. “Está deixando um patrimônio para a FEAC, que a FEAC não tinha. Quando o Toniquim assumiu a Federação de Futebol, ela não tinha nenhuma sede. Ele construiu uma sede no centro da cidade, depois vendeu e começou a construir aqui, com recursos da CBF. No início eram poucos recursos, então ele fez isso muito devagar. Agora está aí esse patrimônio que ele montou com recursos da CBF. Não tem dinheiro do governo aqui”, relembrou.


A dedicação de Toniquim à FFAC era total, comparável, segundo Rosélia, à sua própria entrega à universidade onde atua. “Ele era muito dedicado para esse futebol. Ficava mais tempo aqui do que mesmo na casa dele. A universidade é a extensão da minha casa e a federação é a extensão da casa dele”, destacou.


Com 55 anos de casamento, Rosélia relembra a compreensão mútua que marcou a relação dos dois. “Trabalhos completamente diferentes, mas nenhum interferia. Acho que por isso que deu certo. Eu já entendi, logo no primeiro mês de casamento, que eu não era o primeiro amor dele. O primeiro amor dele era uma bola. Então, já digo, se você não pode com o inimigo, junte-se a ele. Foi assim a vida inteira”, pontuou.


Apesar das muitas conquistas, Toniquim partiu com um sentimento de missão inacabada. “Para ele, sempre faltava alguma coisa. O Toniquim era uma criatura eternamente insatisfeita. Quando ele dizia assim: ‘no dia que eu estiver satisfeito, eu quero morrer’. Mas ele não estava satisfeito ainda e isso foi uma tragédia que eu ainda não entendi. Foi uma coisa muito rápida. Em duas horas, estava morto. Começou a passar mal meia-noite, e duas horas depois”, relembrou.


O grande sonho de Toniquim era concluir o centro esportivo que vinha sendo construído. “Ele ia sair da federação, mas queria se manter mais um pouco para terminar esse centro, que é o legado da Copa. E ele não concluiu. Esse era o último sonho dele aqui”, pontuou.


Além disso, Toniquim se preocupava com a inclusão de todos os clubes no campeonato estadual. “Ele queria que todos os clubes fizessem parte dos grupos. Isso para ele era sagrado. Eu dizia, ‘meu marido, não depende de você’. Mas ele vivia para isso”, ressaltou.


Sobre a vida pessoal, Rosélia afirmou que o marido teve uma vida plena. “Toniquim era um homem feliz. Muito feliz. Essa família, ele amava essa família. Eu sou muito ‘nó cego’, não sei como ele me aguentou durante 55 anos”, destacou.


E entre risos e lágrimas, ela recorda um apelido que ganhou para o marido em São Paulo, quando cursava doutorado.“As pessoas lá chamam ele de Santo Toniquim. Dizem que para me aguentar tem que ser um santo”, disse a viúva.


O amor do casal se refletia também na relação de Toniquim com a neta. “Com o nascimento da nossa neta, foi uma coisa… Ele era apaixonado por ela. E ela também está muito ruim com a morte dele, porque eles eram muito unidos”, destacou.


Sobre os domingos, Rosélia lembra com afeto. “Os domingos do Toniquim eram aqui. Não era com a gente. Por causa do futebol do Jumbo. Ele gostava muito desses amigos. Ele fazia tudo por eles. Ele era feliz, sim. Muito feliz”, encerrou.



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