Às vésperas da COP 30, que será realizada em novembro deste ano em Belém (PA), o Brasil se prepara para mostrar ao mundo seus avanços, e contradições, na agenda climática. Em meio a uma região que exporta energia limpa, mas ainda consome majoritariamente fontes poluentes, o pequeno vilarejo no interior do Acre, na Vila Restauração, localizada na Reserva Extrativista do Alto Juruá, a 70km da cidade de Marechal Thaumaturgo, chamou a atenção de especialistas e autoridades.
Localizada às margens do Rio Tejo, de difícil acesso e com cerca de 200 famílias, a comunidade ficou por anos dependente de geradores a diesel que forneciam energia por apenas três horas por dia. Isso mudou em 2021, quando a concessionária de energia implementou uma microrrede híbrida, baseada em energia solar, baterias de grande porte e biodiesel. Com o investimento de R$ 20 milhões, o vilarejo passou a contar com fornecimento contínuo de energia limpa, 24 horas por dia.
O modelo é agora apontado por pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV CERI) como uma referência que deveria ser replicada em outras áreas isoladas da Amazônia Legal. “É um exemplo de transição energética eficiente e com baixo impacto ambiental, que leva em consideração as realidades locais da floresta”, afirma a pesquisadora Joisa Dutra.
A região amazônica, que inclui o Acre, responde por 34% da potência hídrica do Brasil e exporta energia renovável durante o período das chuvas. No entanto, aproximadamente 10% da população da Amazônia Legal depende de sistemas isolados, e cerca de 900 mil pessoas ainda vivem sem qualquer acesso à eletricidade.
Além de cara, um megawatt-hora gerado a diesel pode custar até R$ 2 mil, a energia fóssil polui. Entre 2013 e 2023, os sistemas isolados da região emitiram, em média, 733 quilos de CO₂ por MWh, sete vezes mais que o sistema interligado.
Com informações do Estadão