O cacau do Acre e a preciosidade da floresta que aponta para um futuro promissor da cultura cacaueira na região

No coração da floresta Amazônica, o Acre tem se revelado uma potência no universo do cacau. Terra de biodiversidade exuberante e de povos tradicionais com saberes ancestrais, o estado aposta em um tesouro: o cacau nativo, aquele que cresce naturalmente no meio da mata densa, e o cacau de cultivo, plantado a partir de material genético de alta produtividade.


Com aroma intenso, sabor único e características genéticas peculiares, o cacau acreano tem chamado a atenção de especialistas em chocolates do Brasil e do mundo, apontando para um futuro promissor da cultura cacaueira na região.


Produção de cacau nativo em comunidade indígena do Acre. Foto: cedida

Diferente das plantações comerciais do Sudeste ou do Norte da Bahia, o cacau nativo acreano nasce de forma espontânea nas matas, principalmente nas regiões do Juruá, Tarauacá/Envira, Purus e Alto Acre.


Visando o potencial da cultura do cacau no estado, a Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri) tem investido, desde 2023, no incentivo à cultura do cacau nativo e do cacau de colheita em todo o Acre. “O nosso cacau guarda uma genética de alto valor, por isso identificamos que o Acre tem um potencial de crescimento. A nossa expectativa é de que o cacau se torne uma das principais cadeias produtivas do estado nos próximos anos”, disse o secretário de Agricultura, Luis Tchê.


Secretário de Agricultura, Luis Tchê, aposta na cadeia produtiva do cacau no Acre. Foto: Diego Gurgel/Secom

 A Rota do Cacau: produção e sustentabilidade

A Rota do Cacau no Acre é um conjunto de ações que busca mapear, fortalecer e integrar os elos da cadeia produtiva do cacau. A iniciativa conecta produtores rurais, extrativistas, comunidades indígenas, agroindústrias, universidades e o poder público em uma rede que tem como objetivo impulsionar a produção sustentável e agregar valor ao cacau nativo.


Desde a produção e beneficiamento até a comercialização e exportação, a rota busca oferecer capacitação técnica, infraestrutura, certificações e abertura de mercados, tudo isso alinhado à conservação da floresta.


De acordo com o chefe da Divisão de Produção Familiar da Seagri e mestre em Gestão e Conservação de Recursos Naturais, Marcos Rocha, a rota do cacau ainda está em construção. “Estamos mapeando as plantações existentes no Acre, colocando tudo isso em um banco de dados. Visitamos os produtores, dando orientação técnica, fazemos levantamentos de dados, também abordamos a questão do controle de pragas e começamos a fomentar, incentivar e orientar, de forma técnica, o plantio e manejo da floresta”, declarou.


Chefe da Divisão de Produção Familiar da Seagri, Marcos Rocha, lidera as ações da  Rota do Cacau no Acre. Foto: Ingrid Kelly/Secom

De acordo com Marcos,  projetos para o fomento à cultura cacaueira começaram a ser aprovados pelo Programa REM. Um deles vai financiar a implantação de uma agroindústria de produção de chocolate, liderada por mulheres, em Cruzeiro do Sul.


Segundo a Seagri, mais de 300 famílias foram mapeadas pela Rota do Cacau, que tem como público-alvo populações indígenas, ribeirinhos, extrativistas e produtores rurais em todo o estado.


Mapa da Rota do Cacau no Acre. Imagem Ilustrativa: Seagri

A Rota do Cacau é um projeto desenvolvido em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (Funtac), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Universidade Federal do Acre (Ufac), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Acre (Idaf), Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), prefeituras, cooperativas e associações de produtores.


Apoio institucional

À frente de muitos desses avanços está o governo do Acre, por meio da Seagri, que tem investido em políticas públicas estratégicas para o fortalecimento da cacauicultura. Entre as ações mais relevantes estão: capacitação técnica dos produtores com práticas sustentáveis; incentivo à regularização ambiental, parcerias com instituições de pesquisa e fomento à industrialização, com apoio a mini fábricas de chocolate artesanal e cooperativas de agricultores familiares.


Foto: cedida

Segundo o secretário estadual de Agricultura: “O cacau nativo é uma das nossas maiores apostas. Ele representa não apenas um produto com alto valor de mercado, mas um símbolo de desenvolvimento sustentável, que respeita a identidade cultural e ambiental do Acre”, declarou Tchê.


Este ano, a Seagri vai lançar o programa de incentivo à cultura cacaueira no Acre, o que vai incentivar e promover a cultura no estado. O programa deve conectar produtores, empreendedores e instituições públicas para a valorização do produto.


O futuro plantado

Segundo uma estimativa da Seagri, atualmente o Acre possui mais de 80 hectares de cacau de cultivo plantados e 200 hectares de cacau nativo em diversas regiões da floresta.


Mais que um produto agrícola, o cacau acreano se consolida como símbolo de identidade e inovação. Uma rota que une saberes tradicionais, ciência e empreendedorismo, mostrando que é possível desenvolver e preservar ao mesmo tempo.


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