A pequena Maitê Valentina da Costa, de 1 ano e 5 meses, que foi baleada na cabeça durante ataque de criminosos no bairro Santa Inês, em Rio Branco, no dia 8 de março deve receber alta nesta segunda-feira (14) e poderá continuar a recuperação em casa. No dia 4 de abril, ela havia sido transferida para enfermaria do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Acre (Into-AC).
Segundo a família, ela levou dois tiros, um deles atravessou e saiu do outro lado da cabeça, já no segundo a bala ficou alojada no crânio. Ela precisou ficar quase um mês na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Criança, antes de ser transferida para a enfermaria.
Maria Luiza Pereira, mãe da menina, em conversa com o g1, explicou que nem os médicos sabem se a criança irá ficar com sequelas.
“Pode ser que ela fique com sequelas, mas como ela é uma criança, é mais fácil de conseguir que ela se recupere, mais fácil de ela desenvolver. Por enquanto ela está só deitada por conta dos remédios, o efeito ainda precisa passar, o que vai ser feito aos poucos”, afirmou ela.
A mãe comentou sobre a dificuldade desse momento na vida de todos da família da menina. “É muito difícil, mais difícil ainda por conta de transporte, ficar sem dormir direito e às vezes a gente tem medo de um dia tudo acontecer de novo. Não é nada fácil, além do mais, ver ela daquele jeito”, lamentou.
A família se reveza para não deixar a menina sozinha enquanto ela está no hospital, tanto de dia, quanto de noite. As duas avós e o pai dormem com a criança, enquanto a mãe fica durante o dia.
“Eu passo a tarde com ela porque eu não tenho como dormir com ela, porque tem o irmão dela de 4 meses e fica muito difícil, aí às vezes o pai dela dorme lá, às vezes alguma das avós, então as duas avós e o pai revezam”, disse.
Arrecadação
A família chegou a fazer uma campanha para arrecadar dinheiro para comprar lenços umedecidos, fraldas e produtos de higiene, produtos necessários para os cuidados com a criança. Agora, Maria Luiza afirma que a estão acusando de usar o dinheiro da filha para outros fins.
“Vieram me falar que já me denunciaram e querem tirar ela de mim dizendo que eu estou luxando. Isso porque todo mundo pensa que foi uma arrecadação de R$ 80 mil, claro que não foi. Só porque eu estou indo de Uber pra visita, eu tenho um bebê de 4 meses e pra não chegar atrasada nas visitas, precisava pagar”, disse ela.
De acordo com a mãe, o valor arrecadado foi de R$ 8 mil, que a família usou para comprar itens necessários para quando Maitê voltar e quitar alguns aluguéis que estavam atrasados.
“Compramos primeiro porque eu não tinha. Uma geladeira, um gás pra fazer a comida dela, roupas que ela precisava e agora ela tá precisando mais ainda, porque ela teve que começar a vestir roupa porque ela tá na enfermaria. Fraldas e um guarda-roupa pra botar uma roupa dela dentro porque eu não tinha. Também estou pagando o transporte para ir visitar ela”, explicou a mãe.
Dois ataques de criminosos ocorreram na noite do dia 8 de março nos bairros Belo Jardim I e Santa Inês, em Rio Branco. A criança estaria com a mãe e o pai em um carrinho quando os criminosos passaram e atiraram na Travessa Santo Antônio, no bairro Santa Inês.
Cinco pessoas ficaram feridas. O primeiro ataque ocorreu na Travessa Pescador, no Belo Jardim I, e três pessoas foram baleadas. Na Travessa Santo Antônio, os criminosos passaram e atiraram em quatro pessoas, sendo um casal, a criança e um adolescente de 14 anos.
Na manhã de 9 de março, um ex-vigilante foi preso em flagrante suspeito de envolvimento nos ataques. Ele apresentou contradições no depoimento e, segundo a Polícia Militar, tentou esconder o carro no Ramal Itucumã.
Gleisson de Souza Barbosa, de 38 anos, é apontado como motorista do veículo usados nos dois ataques. Ele teve a prisão convertida em preventiva no último dia 10. O caso usado nos crimes também foi apreendido.
Umas das linhas de investigações da Polícia Civil é que o pai de Maitê seria o alvo dos disparos. A família nega envolvimento com crimes.
Maria Luiza comentou que acredita sobre os ataques e afirmou que eles estavam no local errado e na hora errada. “A gente tava na hora errada, no momento errado, eu e meu marido, a gente não deve nada. Eu sei que o ataque não era pra gente. A gente ainda continuou conforme como a gente vivia não mudou nada”.
A mãe de Maitê esclareceu que não recebeu nenhuma atualização da polícia sobre as investigações. “Se a polícia descobriu alguma coisa eu não sei, porque a polícia não entra em contato com a gente, somente uma delegada me ligou dizendo que ia fazer um corpo de delito nela [criança]”, mencionou ela.
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Maitê Valentina segue internada na UTI do Hospital da Criança — Foto: Arquivo da família