Os presidentes da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e do Banco da Amazônia (Basa), Jorge Viana e Luiz Cláudio Moreira Lessa assinaram um convênio de R$ 82 milhões nesta quarta-feira, 9, que visa impulsionar as cadeias produtivas de proteína animal, especialmente as ligadas à produção de suínos e aves na região do Alto Acre. A cerimônia de assinatura foi realizada no auditório da Superintendência do Basa, em Rio Branco.
O projeto prevê o financiamento de 250 galpões de suínos e 40 galpões de aves onde cada produtor poderá receber investimentos superiores a R$ 400 mil, destinados à construção de estruturas para terminação de suínos (mil animais por galpão) e criação de aves (35 mil aves por galpão).
Para o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, o projeto relembra um trabalho iniciado há anos no Acre. “O mundo inteiro está discutindo exportações, importações, os efeitos das medidas dos Estados Unidos, da China, mas, nesse caso, eu destacaria talvez a iniciativa que mais deu certo no estado: esse trabalho que começamos lá atrás e que agora está se expandindo, envolvendo o Banco da Amazônia, a Apex, a agroindústria da Dom Porquito, a Acreaves e outras cooperativas. E por quê? Porque a tese é de que o Acre é o estado brasileiro mais próximo do Pacífico. Um caminhão leva apenas quatro dias para sair de Brasileia, da Dom Porquito, e chegar a Chancay, já embarcando nos navios para a China”, pontuou.
Viana também ressaltou o apoio do presidente Lula na abertura de novos mercados. “Com o governo do presidente Lula, abrimos muitos mercados. Convidamos o Paulo, os dirigentes da Dom Porquito e da Acreaves, e eles participaram de eventos em mais de dez países com a Apex, acompanhando as ações do governo. Agora, conseguiram fechar o entendimento com o Banco da Amazônia, e temos a expansão dos integrados. Quem são os integrados? São as pessoas que fazem a engorda dos porcos, dos suínos, e também aquelas que criam as aves”, relatou.
“E isso aqui é o mais fantástico: a indústria ganha, o Acre passa a exportar mais, e teremos agora 70 novas famílias se tornando produtoras, ingressando na classe média rural, graças ao apoio do Banco da Amazônia. O projeto da Dom Porquito e da Acreaves é alcançar mais de 250 famílias. É a soma: abrir mercados, ter financiamento, apoiar o produtor e manter a agroindústria funcionando. É algo extraordinário que está acontecendo no Acre. As exportações estão dando muito certo”, encerrou.
O presidente do Banco da Amazônia, Luiz Cláudio Moreira Lessa, explicou o arranjo institucional que sustenta o projeto. “São pequenos produtores, são famílias da agricultura familiar, pré-selecionadas tanto pela Dom Porquito quanto pela Acreaves. Eles passam por critérios cadastrais e, como o Jorge falou, nós montamos uma estrutura que gera previsibilidade para a indústria.E por que escolhemos a Dom Porquito e a Acreaves? Porque já são indústrias consolidadas, que estão vivendo um boom de crescimento nas exportações por conta da abertura de novos mercados. Para garantir que essas indústrias tenham produto suficiente para sustentar esse crescimento e que esse produto seja de qualidade montamos esse arranjo”, explicou.
O presidente do Banco destacou o modelo de integração adotado entre a Dom Porquito e a Acreaves, que estabelece uma cadeia produtiva estável e sustentável para a agricultura familiar no Acre. “A Dom Porquito e a Acreaves fornecem as matrizes, os pintos de um dia e a assistência técnica. Os produtores integrados ficam responsáveis pela criação dos frangos ou pela engorda dos porcos, e o Banco da Amazônia entra com o financiamento. Nesse arranjo, conseguimos dar estabilidade. Por quê? Porque a indústria passa a ter uma previsão de fornecimento, já que firma contratos de longo prazo com as famílias, e essas famílias, por sua vez, passam a ter uma previsão de receita. Isso melhora o aproveitamento do negócio. Para o banco, esse modelo também representa uma segurança maior, pois o financiamento é feito para um produtor que possui contrato de longo prazo com a Dom Porquito e a Acreaves”, pontuou.
Paulo Santoyo, diretor da Acreaves e da Dom Porquito, afirmou que o impacto do projeto ultrapassa a esfera econômica. “O impacto desse projeto, junto com o Banco da Amazônia, é gigante. Eu considero que é um dos maiores projetos sociais que estão acontecendo no Acre. A base de fomento que está se criando, a parceria entre o Banco da Amazônia, a Apex e as indústrias, é de uma inteligência fantástica. Esse recurso todo que foi mencionado, tanto pelo presidente quanto pelo Jorge Viana, não vai para a Dom Porquito. Ele é destinado ao pequeno produtor da agricultura familiar, que vai construir suas granjas e levar uma renda para a zona rural, para dentro de casa”, pontuou.
“E essa renda traz dignidade, conquistas, ampliações. Nós já temos exemplos de produtores, inclusive, alguns estarão aqui conosco agora que começaram com 400 suínos e chegaram a 2 mil com capital próprio. Com esse recurso vindo do Banco da Amazônia, essa ação se expande para mais de 250 ou 300 produtores de suínos. Isso muda a configuração social da zona rural daquela região e, ao mesmo tempo, dá base para que a Dom Porquito possa crescer, abastecer os mercados e se projetar em novos mercados, como os que a própria Apex abriu para nós: Malásia, Filipinas, Coreia do Sul. Está sendo aberto também o México, não sei se o Jorge explicou, mas hoje conseguimos chegar ao México em 10 dias. Somos o único frigorífico brasileiro que consegue isso. E o Jorge está nos levando para o Japão, que é um mercado fantástico para carne suína”, acrescentou.
O diretor explicou ainda a importância do fortalecimento da cadeia produtiva da agricultura familiar no Acre. “Então, não adianta ter apenas uma boa indústria. Você precisa de uma boa indústria com matéria-prima e com bons produtores. É claro que, com a chegada desses 250 produtores, hoje, que já geramos 500 empregos diretos, passaremos para 1.400 ou 1.500 empregos diretos na Dom Porquito. E a Acreaves vem na sequência, também com um projeto de crescimento. Acreditamos que este é o primeiro passo no crescimento daquela árvore. Pensamos em passos maiores, mas tudo ao seu tempo. Vamos construir esse crescimento agora, nos estabelecer e avançar”, observou.
Santoyo também celebrou a entrada em novos mercados internacionais e a meta ousada de abater até 2 mil suínos por dia, todos criados no Acre. Segundo ele, esse investimento garante a sustentabilidade da produção suinícola. “Resolve o problema. Esse projeto feito com o Banco da Amazônia garante a sustentabilidade do suíno. É a base para chegarmos ao abate de 2 mil suínos por dia. Hoje estamos abatendo entre 560 e 650 por dia, variando nessa faixa. Vamos alcançar 2 mil suínos por dia, todos produzidos dentro do Acre, com base na agricultura familiar, que eu considero um propósito de vida, um propósito de trabalho. Esse é o grande sucesso do projeto. Temos uma mão de obra que vocês já conhecem, e que está comprovada ali no Alto Acre: uma mão de obra bem distribuída entre pequenos produtores, que vai conseguir abastecer essa indústria de forma muito profissional”, destacou.