O dólar fechou a quarta-feira pré-feriado em alta ante o real, interrompendo uma sequência de oito sessões de perdas, em um dia marcado pela disputa em torno da Ptax de fim de mês, por números de emprego formal abaixo do esperado no Brasil e por dados econômicos fracos da China e dos EUA.
O dia ainda contou com o fechamento da taxa Ptax para o mês. Calculada pelo BC com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros tentam direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições.
Qual a cotação do dólar hoje?
O dólar à vista fechou em alta de 0,81%, aos R$5,6763. Ainda assim, em abril a divisa norte-americana acumulou baixa de 0,54%.
Às 17h05 na B3 o dólar para junho — que nesta quarta se tornou o mais líquido — subia 1,05%, aos R$5,7165.
Dólar comercial
- • Compra: R$ 5,676
- • Venda: R$ 5,676
Dólar turismo
- • Compra: R$ 5,680
- • Venda: R$ 5,860
O que aconteceU com o dólar hoje?
Calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros tentam direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
No início da sessão o dólar chegou a oscilar em baixa, com investidores vendidos puxando as cotações visando a Ptax. Às 9h21, o dólar à vista marcou a cotação mínima de R$5,6037 (-0,48%).
Mas rapidamente a divisa migrou para o território positivo, com agentes comprados impulsionando as cotações, que também reagiam aos dados fracos divulgados na China, nos EUA e no Brasil.
A China informou na madrugada desta quarta-feira que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) oficial caiu para 49,0 em abril, contra 50,5 em março, na leitura mais baixa desde dezembro de 2023. O resultado também ficou abaixo da expectativa de 49,8 de uma pesquisa da Reuters.
Já os Estados Unidos informaram que foram abertos 62.000 postos de trabalho no setor privado em abril, após um ganho de 147.000 revisado para baixo em março. Economistas consultados pela Reuters previam criação maior, de 115.000 vagas de emprego no setor privado.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA caiu a uma taxa anualizada de 0,3% nos três primeiros meses do ano. Economistas consultados pela Reuters previam que o PIB aumentaria em um ritmo de 0,3% no período.
No Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego informou à tarde a criação de 71.576 vagas formais de trabalho em março, bem abaixo da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 200.000 vagas. Pela manhã, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, já havia antecipado que os números do Caged não seriam tão bons.
Para Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, os dados favoreceram a realização de lucros no câmbio brasileiro, após oito sessões de queda do dólar.
“O dia foi de agenda cheia, com dados ruins de PIB lá fora e Caged também não ajudando no Brasil. A gente já vem de alguns pregões de queda do dólar, então não tem jeito: o mercado aproveita o que saiu de dados para colocar dinheiro no bolso”, afirmou.
Às 13h53, antes mesmo dos dados do Caged e já após a definição da Ptax, o dólar à vista marcou a máxima de R$5,6876 (+1,01%).
Operador ouvido pela Reuters pontuou que o fato de na quinta-feira os mercados estarem fechados em função do Dia do Trabalhador também favorecia a busca pelo dólar. Segundo ele, muitos agentes preferem enfrentar o feriado prolongado no Brasil comprados na moeda norte-americana.
No exterior, o dólar também tinha ganhos firmes no fim da tarde ante boa parte das demais divisas. Às 17h29 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,50%, a 99,672.
No Brasil, pela manhã o Banco Central vendeu toda a oferta de 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de junho de 2025.
Abril volátil
A sessão desta quarta-feira fecha um mês que tem sido de grande volatilidade, com o dólar variando cerca de 37 centavos ante o real entre a máxima (R$5,9985) e a mínima de fechamento (R$5,6290) em abril.
Os movimentos têm sido influenciados pela enorme incerteza sobre a política comercial dos EUA, após o anúncio de tarifas amplas por Trump em 2 de abril, com analistas e investidores passando a temer pelo risco de uma recessão global.
Trump tem flexibilizado algumas de suas medidas tarifárias, em um esforço para alcançar acordos comerciais com uma série de parceiros, apesar de manter ainda taxas altas sobre a China, que já retaliou as tarifas dos EUA.
Os ataques do presidente norte-americano ao chair do Fed, Jerome Powell, e as ameaças de demiti-lo também influenciaram as negociações ao longo do mês, com Trump recuando de seus comentários depois.