Demissão em massa de servidores contratados emergencialmente gera reunião na Aleac

Foto: Sérgio Vale

Uma reunião na sala de Comissões da Assembleia Legislativa na manhã desta terça-feira, 15, debateu a demissão de 200 servidores da saúde contratados emergencialmente no período da pandemia e que terão seus vínculos encerrados neste mês de abril para acomodação dos novos servidores aprovados em concurso público.


A reunião foi presidida pelo deputado Adailton Cruz (PSB), que enfatizou sua preocupação com a demissão, mas que é necessário de fazer uma transição entre os novos servidores e os que vão sair.


A enfermeira Lucia, demitida ontem (14), afirmou que há 5 anos presta serviço na maternidade no setor de regulação dos leitos. “Para quem não conhece, às vezes pensa que lá é um setor que não é essencial, mas ele é um setor essencial. E como o colega falou, o que a gente precisa é de um olhar de vocês. Eu tenho uma filha. Vocês têm filhos? Vocês sabem o que é chegar no final do mês e você não ter o teu salário para você comprar comida para sua filha? Para pagar sua luz? Quem tem filho aqui? Vocês não conseguem sentir a dor que a gente está sentindo? Eu tenho certeza que tem lugar para todos. Aqui tem profissionais qualificados. Aqui tem profissionais que perderam pai. Eu perdi o meu pai na pandemia. Na pandemia eu trabalhei na observação do PS. Eu vi o que foi, a luta ali daquele lugar. Eu adquiri lá síndrome do pânico, mas eu fiz um tratamento e fui curada. Então o que a gente pede hoje? Por favor, olhe por nós. São mães de famílias. Aqui tem mães que são mães solos”, desabafou.


O servidor Lourenço, que trabalha no Pronto-Socorro, pediu que o secretário de Saúde, Pedro Pascoal, tenha a sensibilidade de olhar para cada um dos servidores com contratos emergenciais. “ São pais e mães de família que a partir de hoje vão estar desempregados. Eu queria relatar um pouco sobre o que acontece lá no pronto-socorro, na nossa vivência do dia a dia. Esses últimos dias eu acho que eu tô cansado de pedir, eu peço pro secretário, eu peço pra Joarlandia, todos os assessores que eu tô pedindo em nome dos emergenciais do pronto-socorro, assim como dos outros setores, maternidade, fundação, todos precisam. Vou relatar um pouquinho aqui que a minha preocupação na entrada desses novos servidores, que foram, acredito, 77 ao todo, só pra Rio Branco. Mas eles deixam nada contra, mas eles estão deixando pelo menos o pronto-socorro a desejar. São profissionais recém-formados, que ainda não têm experiência, enquanto nós estamos perdendo os profissionais de excelência, de UTI, de pediatria, de porta de entrada, que o pronto-socorro é porta de entrada pra tudo. Sala vermelha, emergência do trauma, emergência da pediatria, e isso está nos deixando muito preocupados”, pontuou.


A presidente do Sindicato dos Profissionais e Auxiliares de Enfermagem e Enfermeiros do Acre (Spate), Alesta Costa, levantou a preocupação acerca dos novos profissionais não estarem aptos, não serem treinados para ocupar seus cargos. A sindicalista pediu um prazo maior para que os contratos emergenciais sejam encerrados, para dar tempo de fazer a transição e treinar os novos servidores. “Esqueceram que aquelas pessoas que estão chegando, eles são preparados, sim, fizeram a sua faculdade, mas eles não têm a experiência de cuidar ainda. Tiveram situações que o profissional ficou no meio da sala, sozinho dentro da enfermaria, sem saber para onde ir e como fazer, com medo, assustado, sem saber como fazer. Vida é isso, gente, a gente não aprende na faculdade, a gente aprende a parte teórica, mas a prática é no nosso dia a dia, e os nossos colegas enfermeiros e todas as outras categorias que estão aqui, eles aprenderam na raça, na pandemia. Eu sei porque eu também estava lá e eu estou lá”, revelou a profissional da saúde.


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